Rosa de Ouro – Sinopse 2015

CARNAVAL DE 2015

SINOPSE DO ENREDO

Maquiagem: a Arte da Transformação

 

Presente na História da Humanidade deste que o Homem passou a se organizar em sociedade, a maquiagem nem sempre foi sinônimo de vaidade ou de beleza, ela já foi símbolo de status em um grupo e até hoje representa a cultura de vários povos, além do emprego artístico e militar.

Utilizada pelo Homem desde a antiguidade, mas precisamente desde o momento em que o Homem passou a se reunir em grupos e a se fixar na terra. A utilização da maquiagem nesse período nada a relacionava com o conceito moderno de vaidade dos nossos dias atuais. O mais forte do grupo, aquele que conseguia prover a tribo com caça e alimentos, passou a usar cordões com os dentes e presas de caças, mais tarde passou a pintar o rosto e corpo como uma indicação de hierarquia, ou seja, diferenciá-lo dos demais. Somente o líder e o feiticeiro da tribo utilizavam essa pintura. Com o passar do tempo essa prática se popularizou entre os membros da tribo e a diferenciação dos líderes que se fazia no corpo e no rosto subiu para a cabeça o que mais tarde veio a ser tornar os cocares dos índios e as coroas dos reis.

A pintura utilizada vinha exclusivamente da natureza: carvão, frutas silvestres, fuligem, argila, cal e pó de minérios, ou seja, desde que Adão e Eva colheram uma folha para enfeitar sua nudez, a natureza passou a ser a maior fornecedora de elementos para beleza, sedução e disfarce.

Essa prática evidencia um fato: o ser humano sempre sentiu a necessidade de se sobressair no grupo social ao qual está integrado. Ser admirado e receber atenção dos outros é inerente à raça humana.

Com o passar do tempo e a evolução da humanidade, outros povos passaram a contribuir com essa pratica: Sumérios, Babilônicos, Assírios, Cretenses e Gregos desenvolveram produtos e criaram hábitos de se maquiar, mas nenhum outro povo foi tão vaidoso e contribui tanto para difusão dessa arte como o povo Egípcio.

O principal foco da maquiagem egípcia era com os olhos, para proteção contra o Sol e principalmente adoração ao Deus Hórus, o deus dos céus, da clarividência e da visão do além. Seu símbolo era o Olho de Hórus, não à toa os olhos dos faraós, que eram a encarnação de Deus na Terra, eram maquiados com esse mesmo símbolo. O Kohl, uma mistura de carvão, gordura animal e fuligem era o produto mais utilizado. Cleópatra imortalizou seu tratamento de beleza com banho de leite para clarear a pele e máscara de argila. É creditado ao Egito também a criação do batom e do blush.

A Grécia difundiu a maquiagem teatral, no inicio os atores utilizavam máscaras, a utilização de uma massa branca passou a identificar as expressões dos atores.

Na Idade Média, a China criou um pó espesso e argiloso feito à base de farinha de arroz que passou a ser usado também no Japão para homogeneizar o rosto das mulheres, sendo esse hábito utilizado nos dias atuais pelas gueixas.

Com as Cruzadas a maquiagem se espalhou por toda Europa e obteve crescimento com o fato da higiene pessoal ser deixada de lado no século XVI e passou a ser usada para esconder doenças e maus odores.

Durante a Renascença, a França e a Itália tornaram-se os maiores utilizadores de maquiagem, onde Monarcas, burgueses e cortesãs monopolizavam o uso.

Nem tudo são flores nessa nossa história. A rigidez dos costumes do Parlamento Britânico e o conservadorismo da Igreja decidiram que a maquiagem era um artifício utilizado pelas mulheres para enganar os homens, e proibiu o seu uso, condenando as mulheres que a usassem à mesma pena que as condenadas por bruxaria. Mas com a criação de novos produtos e a Revolução Industrial não demorou muito para o conservadorismo perder essa batalha contra a maquiagem e hoje em dia esse setor corresponde a um dos setores mais lucrativos no mundo, sendo essencial tanto para beleza quanto para a saúde de homens e mulheres.

Bom, pelo que contei até agora, vocês devem estar achando que a maquiagem se restringe apenas a beleza e a estética, ledo engano de vocês. Como disse no inicio dessa nossa história a maquiagem também serviu e ainda serve para identificar e marcar a cultura de muitos povos. Por muitos anos os africanos pintaram o corpo com marcas que identificavam suas tribos e assim como os índios tinham uma pintura para cada ocasião, seja um casamento, uma cerimônia religiosa ou até mesmo para a guerra. Os japoneses têm até hoje como tradição o rosto excessivamente branco de suas mulheres em algumas cerimônias. Os indianos e árabes utilizam a hena em trabalhosas pinturas no rosto e nas mãos.

Observando mais uma vez a natureza, o Homem passou a utilizar mais um recurso da maquiagem. Assim como muitos animais que conseguem se esconder no seu habitat devido a sua cor e forma, o Homem passou a utilizar a camuflagem como recurso militar.

As grandes manifestações populares que ganharam as ruas contra a má administração pública tinham nos rostos de seus participantes as cores do patriotismo. Torcedores pintam no corpo toda sua irreverência na festa dos estádios de futebol.

A arte foi uma das beneficiadas com a maquiagem que se desfez da rigidez das máscaras gregas e ganhou com a dramaticidade das expressões de seus atores, seja na lúdica e inocente pintura do rosto de um palhaço de circo ou nos belos e excêntricos rostos dos atores do teatro japonês de Kabuqui, graças à maquiagem saímos das máscaras e chegamos à Broadway. Nunca o terror foi tão realista no cinema depois dos adventos da maquiagem, o drama e a comédia transformaram seus atores em quem eles quisessem, afinal, quem é belo pode ser feio, quem é novo pode ser velho, quem é magro pode ser gordo e vice-versa. Muito do lucro da indústria do cinema se deve à arte e à beleza dessa magia de transformar. Ainda no campo das artes, vários artistas criaram um estilo próprio se maquiando, só para citar alguns: Ney Matogrosso, que inclusive foi inspiração para o grupo KISS, Carmem Miranda sempre se apresentou muito bem maquiada e com adereços que caracterizavam o tropicalismo de nosso país e grupo americano Blue Man Group. Devido ao estilo transgressor, o rock se valeu desse recurso para marcar sua presença. Até nas ruas os artistas utilizam a maquiagem como forma de arte, afinal quem nunca assistiu a artistas se apresentando como estatuas vivas pelas esquinas afora. Seja no estilo caricato ou no estilo transexual, as Drag Queens só conseguem essa transformação graças á magia da maquiagem. E o que dizer da nossa maior festa popular, o carnaval, que com seu crescimento passou a ter belas passistas, destaques, alas e alegorias ainda mais belas e encantadoras graças à maquiagem.

A maquiagem é presente no nosso dia-a-dia, tanto na sedução de um belo batom vermelho à manutenção das tradições de um povo, ou seja, algo que a princípio nos parece tão fútil, na verdade tem utilizações essenciais.

Baseado nessa história que acabamos de contar, o G.R.E.S. Rosa de Ouro, no carnaval de 2015 vai se enfeitar da maneira mais bela possível para encher os olhos de todos vocês e mostrar que o que é belo com certeza não é fútil.

Autores:
Alexandre Costa Pereira
Lino Sales
Marcus Vinicius do Val