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G.R.E.S. SÃO CLEMENTE

Histórico

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Como muitas escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro, a São Clemente começou como bloco no ano de 1952. O bloco, inicialmente adotando as cores azul e branca, era formado por garotos pobres do bairro de Botafogo, liderados por Ivo Gomes. O saudoso Ivo da Rocha Gomes, juntamente com João Marinho e Ailton Teixeira, foram os idealizadores e fundadores da escola de samba que tem o mesmo nome da rua onde moravam: São Clemente. Todos moravam na Vila Ganhy, no bairro de Botafogo. No ano seguinte, em 1953, querendo agradar aos meninos, um político deu aos garotos duas dúzias de camisas de um clube de futebol nas cores preta e amarela, quantidade suficiente para que o bloco de garotos pobres adotassem essas cores, que passaram a ser as oficiais do desfile. Os garotos foram crescendo, o bloco foi melhorando até que foi transformado em escola de samba em 25/09/61, tendo a primeira chance de participar de um desfile oficial em 1962. Foi um começo modesto, mas promissor. A prova disso é que já no ano de 1965 a São Clemente ganhava o seu primeiro título de campeã e subia de grupo.

Porém, a escola sempre contou com a má vontade dos morados de Botafogo, que reclamando do barulho que faziam fez tudo que era possível para impedir os seus ensaios. Até que seus presidentes, Ricardo Gomes e Ivan Vasconcelos, alugaram para isso todas às sextas-feiras o Ginásio do Mourisco em Botafogo. Com mais calma, a escola foi melhorando.

A partir da década de 80, a escola se caracterizou por apresentar enredos participantes e de cunho social, que, comprovadamente, a define como uma escola de samba preocupada com a problemática do povo brasileiro.  O samba-enredo "CAPITÃES DE ASFALTO" que a São Clemente trouxe para a avenida em 1987, tinha um forte apelo emotivo. A mais famosa escola da Zona Sul do Rio de Janeiro mostrava em seu enredo a preocupação com os dissabores do menor abandonado no Brasil. Sempre antenada com os problemas sociais do País, a São Clemente, através dos carnavalescos Roberto Costa e Carlinhos de Andrade, assumiu a linha da crítica social, sempre com uma boa pitada de ironia. Em 1984, conseguiu ascender ao então primeiro grupo com o enredo "Não Corra, Não Mate, Não Morra: O Diabo Está Solto no Asfalto", sobre o caos e a violência no trânsito. No ano seguinte, com "Quem Casa, Quer Casa", novamente desfilou uma deliciosa sátira ao sério problema do déficit habitacional no Brasil. Sua comissão de frente ganhou o Estandarte de Ouro do jornal O Globo (a escola revolucionou o Carnaval carioca ao apresentar a sua comissão de frente fazendo evoluções e engajada ao enredo - até então as escolas apresentavam nesse quesito a velha guarda que tinham a única função de apresentar a escola, permanecendo estática e sem engajamento ao enredo desenvolvido),. O desfile, porém, não lhe manteve entre as grandes escolas. Em 1986, de volta ao segundo grupo, a São Clemente entrou na avenida novamente abusando do bom humor e encantou público e jurados com o enredo "Muita saúva, pouca saúde, Os males do Brasil são", abordando o descaso com a saúde no Brasil. Em 1987, a Escola retornou ao primeiro grupo com um belo samba, todo em tom menor, composto por Manuelzinho Poeta, Jorge Madeira e Izaías de Paula, este último, ex-interno do SAM (Serviço de Assistência ao Menor). Sua experiência de vida o permitiu expressar nos versos do inspiradíssimo samba sua revolta contra o descaso com as crianças pobres do nosso País. Durante o desfile, permeado de ironia na discrepância entre o luxo da vida do menino rico e a miséria da criança que perambula pelas ruas das grandes metrópoles, a São Clemente apresentou um grupo de meninos de rua de verdade. O desfile emocionou a Marquês de Sapucaí e proporcionou um dos melhores momentos da história da escola de Botafogo. Com esse desfile, a São Clemente consegui um honroso sétimo lugar, e marcou seu nome definitivamente na história dos desfiles da passarela. Em 1988, "Quem avisa amigo é", um grito de alerta contra a violência e, em 1989, "Made in Brazil!!! Yes, nós temos banana", um hino de amor e fé no Brasil, e finalmente "E o samba sambou", de 1990 (uma crítica aos próprios desfiles atuais das Escolas), conseguindo um 6º lugar no Grupo Especial, sua melhor colocação até hoje.

Dos blocos, ela guardou, além da origem, a irreverência que lhes é peculiar, inclusive no carnaval contemporâneo, felizmente. Mas a São Clemente, além da irreverência que a caracteriza, tem a sua outra metade: a consciência política e social. Estas duas características foram fundamentais para que a Escola se transformasse em uma das mais queridas da cidade, já que seus enredos sempre dão voz ao povo, aos seus anseios e necessidades, sem esquecer entretanto, da natureza festiva do povo brasileiro e da alegria necessária ao Carnaval.

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