G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR |
Sinopse 2015 |
Fala minha
Ilha, beleza? Ela é eterna
na natureza, o sublime, Mas a
humanidade, buscando ter, Está na alma
dos artistas que representam um ideal. Faz com que
as vitrines da vida lhe chamem a atenção. Assim tratada
nos contos de fadas, em personagens que na sua memória não se perdeu. Ela pode
estar no interior, mas é no exterior que há repararão, Vive na
mídia, ela é a cara da riqueza! Assim, espero
que me revele seus segredos, que me dê algumas dicas. Agora,
refletindo sobre a tal, então paro para pensar: Então é
isso! Beleza minha escola, se aproveite dela e encante mais uma vez a
passarela, em um visual de alegria. Alex de Souza
ARGUMENTO BELEZA PURA? O tema para 2015 mantém a linha de enredos que fazem as pessoas pensarem e refletirem sobre suas vidas, sua sociedade e seu tempo. Em 2014, ao abordarmos o lado infantil, muitas puderam se emocionar e se reconhecer através de brinquedos e brincadeiras, que remontavam suas memórias. O desfile na verdade, discutia a infância, num tema que poderia ser compreendido em qualquer parte do mundo, afinal, todos fomos crianças. Pois bem, a criança cresceu e agora a brincadeira é outra. Ela tem a necessidade de ser aceita na sociedade, e a beleza é uma das possibilidades de torná-la inclusa, num mundo de aparências, onde, como se diz, uma imagem vale mais que mil palavras. Com o espírito carnavalesco e a simpatia de sempre, a G.R.E.S. União da Ilha do Governador, com muito bom humor, fará de seu desfile uma grande sátira aos costumes.
O enredo vai buscar significados e definições do que é afinal a beleza, através de filósofos como Platão, que entre suas definições, dizia que o belo “É o brilho ou esplendor da verdade”. A teoria do “belo”, segundo Platão, não se volta para a simples aparência, o belo é visto aqui como algo divino, verdadeira essência das coisas. O que vive no eterno, não no efêmero. Quem conseguisse se desprender do superficialismo, acreditava ele, se tornaria digno para a “Verdade, o Bem e o Belo”. Já Aristóteles, seu discípulo, abandona esse idealismo. As características efetivas da beleza seriam a ordem ou a harmonia. Aristóteles se preocupava com as medidas e suas proporções. Para os gregos, esse culto consistia no pressuposto de que "uma mente sã habita um corpo saudável" (que os romanos traduziram por: "mens sana in corpore sano"). Os mestres preparavam os jovens para uma formação nobre. O homem também deve ser “Bom".
A beleza eterna será representada pela própria natureza que se transmuta em seu ciclo infinito. Uma analogia daquilo que se “metamorfoseia”, com a própria ambição do homem de poder modificar sua aparência para atingir o aspecto desejado. Em cada cultura, através dos tempos, o ser humano utilizou de todo tipo de cuidado e adorno para atingir o padrão de sua época. E nas artes plásticas, ressaltando principalmente o período da renascença, quando os valores clássicos são redescobertos, os ideais se tornam imortalizados.
A moda, ao longo da história, de acordo com o gosto da época, discute o que é considerado elegante, cafona e bizarro. E sempre valorizou um determinado tipo humano, submetendo outro tom de pele, cor de olhos e cabelos, a “desfilar” somente no terreno do exótico.
Durante séculos, as mulheres chamavam atenção por serem “rechonchudas” ou com curvas sinuosas, delineadas em um claustrofóbico espartilho. As formas arredondadas simbolizavam fertilidade. Mas a partir dos anos 1960, a magreza, o contrário dessa imposição secular, passou a ser considerada “padrão de beleza”, iniciando-se assim outra obsessão. Pois estar fora das novas medidas, tanto para mulheres e até para os homens, representa um tormento.
Associar “Verdade, o Bem e o Belo”, fez com que no imaginário popular, o que não é belo, é mal e impuro. A ideia passada por gerações, através dos contos de fadas, cria arquétipos que deturpam ainda mais a percepção do mundo real.
A busca por um corpo bonito e saudável é bem antiga, podemos retornar mais uma vez aos gregos, que nos deram esse legado. Que não se importava apenas com isto, mas também em outras virtudes. Hoje, definir os músculos significa impressionar amigos e conquistar amores. O corpo “sarado”, que obstinam tanto os homens quanto ás mulheres, teve a partir das últimas décadas do século XX, o início do seu apogeu, tornando as academias de ginástica o seu templo. Surgem os exageros e suas consequências. O que é um paradoxo, pois ao longo dos séculos, o homem busca a liberdade do seu corpo, e quando enfim a “consegue” é vítima do próprio aprisionamento estético.
Concursos de beleza também surgiram desde a antiguidade. É um acontecimento que elege, modelos de perfeição física além da desenvoltura e carisma. Escolhidos como símbolos de virtude, sorte, amor; ressurgiu na França no fim do século XIX, com a popularização da fotografia, mas apenas o rosto por foto. Já em 1952, nos Estados Unidos criou-se um concurso onde as candidatas desfilavam de maiô.
Definitivamente a beleza abre portas. A valorização do visual evoluiu no século 20, com grande influência do cinema, da TV, e agora, das multimídias e redes sociais. Ser capa de revista, estrelar campanhas publicitárias, são algumas das fórmulas de sucesso da sociedade contemporânea. Fama! Ser celebridade é ser um produto, que vende produtos.
Cosméticos são utilizados á séculos, cuidando do rosto e do corpo, realçando qualidades e disfarçando defeitos. São sem sombra de dúvidas, uma das mais lucrativas industrias do mundo!
Mas a própria imagem refletida no espelho se torna obsedante, a pessoa é incapaz de satisfazer-se com ela própria, sempre achando que pode e deve aperfeiçoá-la. Sendo assim se manifesta com exagero no recurso às cirurgias plásticas, gastos excessivos com roupas e tratamentos estéticos, no abuso com os exercícios físicos, etc.
Uma tirania insólita, essa a dita “perfeição física”. E com os avanços da medicina, o que não vem de fábrica, pode ser facilmente adicionado ou retirado. Assim as mulheres e recentemente os homens, constantemente corrigem suas, ditas imperfeições. Faz-se qualquer sacrifício!
Mas o tempo não para. Numa sociedade que valoriza tanto a aparência e a juventude, é muito difícil amadurecer tranquilamente. O medo do desconhecido aumenta a busca por novos métodos, que prometem devolver a jovialidade perdida. Verdadeiros elixires da pós-modernidade, garantem resultados imediatos e promessas milagrosas. Como as que, Juan Ponce de León, o conquistador espanhol do início do século XVI que à frente de uma expedição pelos pântanos da Flórida, quis descobrir obstinadamente a lendária “Fonte da Eterna Juventude”. Mas diante do inevitável, nos resta descobrir a verdadeira beleza da vida, que cada um descobre à sua maneira. O redescobrir suas próprias potencialidades, na “Flor da Maturidade”, é saber pôr á mesa, aquilo que só está nos olhos de quem quer ver.
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