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A.R.E.S. VIZINHA FALADEIRA

Histórico

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Existe uma divergência entre os historiadores quanto ao verdadeiro ano de fundação da Escola, se 1932 ou 1922. Não temos como afirmar, ainda ser 1922 o correto, mas com certeza podemos afirmar não ser 1932, devido a fatos históricos regfistrados. Desta forma podemos reinvidicar o título de mais antiga Escola de Samba do Carnaval Carioca. O nome da escola surgiu como ironia a duas moradoras da rua da América, a Velha França e a Velha do Beco, conhecidas e afamadas faladeiras das vidas alheias. A Vizinha Faladeira participou pela primeira vez dos desfiles em 1934, com o enredo Malandro regenerado.

Nesse ano houve dois desfiles - um, no dia 28 de janeiro, no Campo de Santana, do qual a Mangueira foi campeã e, outro, no dia de carnaval, patrocinado pelo jornal A Hora, cujo concurso se previu para realizar-se no Stadium Brasil, localizado na Esplanada do Castelo. A escola campeã seria a que obtivesse mais aplausos do público (aclamação). Acontece que a Mangueira rebelou-se contra essa forma de julgamento, não havendo concurso.

A Vizinha Faladeira foi responsável por inúmeras mudanças na forma e no conteúdo dos desfiles - Transformação do Estandarte em Bandeira, Primeira Porta Bandeira Negra - Roxinha, antes privilégio das brancas, Primeira Comissão de Frente, Introdução da figura do Carnavalesco, com os irmãos Garrido, renomados cenógrafos do Teatro Municipal, Introdução de figuras humanas em cima dos carros alegóricos, introdução de barricas francesas, conseguidas no Cais do Porto, em substituição às nacionais, mais pesadas e com qualidade de som inferior, Introdução do Surdo de resposta, também conhecido por Surdo de segunda, Introdução da Ala das Damas, Introdução da Ala Mirim no carnaval de 1939, representando os anões no maior e mais caro enredo da década de 30 - "Branca de Neve e os Sete Anões", Introdução de iluminação própria nos desfiles com lampiões de carbureto, logo imitada pelas outras escolas.

Em 1934, a Vizinha Faladeira trouxe à frente da escola 12 luxuosas limousines, com pessoas bem-vestidas, formando a comissão de frente. Gambiarras iluminavam a avenida. Trouxe também uma porta-bandeira negra, a popular "Roxinha", fazendo par com o mestre-sala "Miúdo". Apesar de delirantemente aplaudida tirou a 4ª colocação.

Integrantes da escola tinham também boas condições financeiras. Ali se alinhavam as senhoras da vida noturna, estivadores, donos de banca de bicho e carteados, contrabandistas, batuqueiros e vereadores.

Para o carnaval de 1935 foram contratados os irmãos Garrido, os melhores cenógrafos da época. O enredo foi "Samba na Primavera". Nesse ano, a Vizinha Faladeira (segundo alguns estudiosos) teria apresentado o primeiro carro alegórico utilizado em escola de samba: um grande carramanchão sobre rodas. A comissão de frente veio montada a cavalo. Mais uma vez o sucesso foi extraordinário, mas a Vizinha tirou o 4° lugar novamente.

Em 1936, o público e a imprensa aguardavam novidades. A Vizinha apresentou o enredo "Ascensão do samba na alta sociedade". Suas fantasias eram inigualáveis. Pela primeira vez desfilou uma ala de damas, com sombrinhas. A bateria vei vestida de malandro, com seus instrumentos de barrica francesa, uma sofisticação (as outras escolas traziam instrumentos pesados e de má qualidade de som). Porém tirou somente o 6° lugar.

Em 1937, o enredo foi "Uma só bandeira", homenagem à bandeira nacional e às dos estados. Nesse ano o luxo e esplendor das sedas fornecidas pelos contrabandistas só foram superados pelas 40 gambiarras que a escola trouxe e que iluminaram a Praça Onze com as luzes flamejantes dos lampiões de carbureto, em contraste com as gambiarras das co-irmãs, iluminadas com velas e lamparinas. Foi com justiça, campeã.

Apelidada de Vizinha Rica, devido ao luxo que trazia em suas Fantasias e Alegorias, foi Campeã em 1937. Em 1938 não houve desfile devido às chuvas.

Em 1939, a Vizinha trouxe o maior carnaval da década de 30. O enredo Branca de Neve e os 7 anões teve uma ala infantil (pioneira) fantasiada de anões, e apresentou, também pela primeira vez, destaques luxuosos, vestidos em cima de carros (carro dos anões, de rainha e de Branca de Neve). A consagração foi total. No entanto, atendendo a um pedido da Escola de Samba Portela, a Comissão Julgadora a desclassificou, por considerá-lo um enredo de cunho não nacional.

Devido a este fato, a Diretoria resolveu acabar com aquela que fora a maior, a mais rica, a mais irreverente e revolucionária Escola da época. Mas em respeito a seus componentes e ao grande público a diretoria preparou a última surpresa: No Carnaval de 1940, a Vizinha desfilou normalmente até divisar o palnque dos julgarores, parando mesmo antes de se apresentar para os mesmos e desfraldando uma faixa com os dizeres: "DEVIDO ÀS MARMELADAS, ADEUS CARNAVAL. UM DIA VOLTAREMOS", e desfilou por trás do palanque dos julgadores, caracterizando-se assim, o primeiro e mais importante protesto em desfiles de Escolas de Samba até os dias de hoje.

No dia 06 de janeiro de 1989 foi convocada uma assembléia geral e revivida a escola, e a VIZINHA FALADEIRA retornou, conforme prometera, desfilando pelo grupo de acesso, no ano de 1990. Foi campeã do Grupo de Acesso com o enredo Clara Nunes e cumprindo a trajetória daqueles que um dia escreveram a história das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.

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