Acadêmicos da Abolição – Sinopse 2016

CARNAVAL DE 2016

SINOPSE DO ENREDO

Nos Encantos das Águas, Abolição Lava a Alma

Acadêmicos da Abolição - Logo do Enredo - Carnaval 2016


1º Setor: A ORIGEM DA VIDA

Ao longo de milhões de anos de evolução, o planeta Terra garantiu a sobrevivência dos animais e vegetais por meio de um elemento essencial para a vida: a água.

Mergulhados na fonte da vida, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos da Abolição vem trazer neste Carnaval 2016 todos os encantos e magias da água.

Já no ventre materno, o ser humano se desenvolve numa bolsa de água – a bolsa da vida. Quando ainda bebê, as lágrimas que ele verte são gotas de água com o que começa a se comunicar com o novo mundo do qual será agora morador: carências, alegrias, dores resumem-se numa gota de lágrimas.

A mitologia antiga também se faz presente na origem da vida: no Reino de Poséidon, rei dos mares onde peixes, crustáceos, algas crescem, vivem e morrem. Este rei poderoso na crença dos povos primitivos dominava as águas marinhas, as profundezas e abismos insondáveis.

 

2º Setor: MISTÉRIOS E LENDAS

Desde o início da vida humana, as lendas estão presentes. Na maravilha que é o ser humano com seus aparelhos, suas cartilagens, seus músculos, sistema ósseo, há uma incessante busca de “porquês.”, “de como?” e assim surgem histórias fantásticas que acompanham as gerações. Especialmente nas margens de rios e nas orlas marítimas criam-se e recriam-se seres extraordinários, casos misteriosos sobre os quais a mente humana não tem limites: sereias, mãe d’água, botos místicos. As águas do Rio São Francisco adormecem e tudo dorme em seu leito: cachoeiras e corredeiras, peixes e vegetais. Assim, no silêncio do sono benfazejo, as almas dos ribeirinhos que já se foram para além sobem aos céus e se transformam em estrelas. A sereia, poderosa rainha das águas emerge do seu leito e em canoas senta-se para se admirar no espelho d´água e, vaidosa por natureza, pentear sua longa e bela cabeleira.

A índia Irecê e o jovem Andirá são lendas do litoral paulista. Andirá não foi ao encontro de amor esperado por Irecê. Em seu lugar um homem-peixe de aspecto gigantesco e monstruoso – o Ipupiara, surgiu, amedrontando a jovem silvícola. Tratava-se de um rico mercador que, perdendo sua fortuna foi engolido pelas ondas e transformou-se em um peixe, indo viver nas profundezas marinhas em busca da riqueza perdida.

O boto cor de rosa habita as caudalosas águas do Amazonas, rio-mar do Norte do Brasil carregado de lendas. Ele se transforma em um belo e irresistível homem que atrai as jovens ribeirinhas, engravidando-as para depois desaparecer, deixando-as apaixonadas e suspirosa.

A índia Naiá, ao contemplar a lua, apaixonou-se pelo seu brilho e pela sua beleza. Na lenda, Jaci, a lua, descia à terra e levava as jovens para se transformarem em estrelas no céu. E Naiá foi uma dessas estrelas apaixonadas pela lua. É o amor, sempre o amor povoando as mentes e criando sonhos.

A imaginação é infinita – dragões, seres abissais, serpentes, peixes dourados, tudo é motivo para que, das águas venham belas histórias. Quando Naiá viu a lua refletida nas águas do Amazonas, atirou-se nelas para pegá-la. As correntezas arrastaram-na e com sua morte surge a deslumbrante Vitória-Régia, flor símbolo das volumosas águas da região norte das planícies alagadas do Amazonas.

 

3º Setor: ÁGUA DE FÉ E SIMBOLISMO

Não é só com seu valor como alimento que a água é importante para os viventes – animais, plantas. Quando vislumbramos um rio correndo para sua foz, cresce dentro de nós a sensação de futura prosperidade, de bem estar e harmonia, de força. Os beduínos no deserto, ao se depararem com um oásis, correm alucinados para saciar nas fontes a sua sede, que resseca as membranas e causa um grande mal estar.

As religiões têm na água a purificação da alma pelo batismo, é o renascimento para uma vida nova, sem pecados. A água benta para os católicos afugenta os males e cura as doenças. O rio Ganges na Índia é personificado como deusa e outras religiões têm as nascentes de rios e lagos como identificação para seus deuses.

Para os ritos de origem africana, as águas com que os fieis se banham são oferecidas aos Orixás. “KosiOmi Kosi Àse” (Axe) é uma expressão iorubá que significa “sem água não existe vida, energia ou força vital”. As cachoeiras para esses religiosos são o encontro com os espíritos bons, com as forças da natureza.

Na cidade de Salvador – BA, no segundo domingo depois do Dia de Reis, no mês de janeiro, acontece a lavagem do Bonfim, quando baianas com roupa característica – branca, saia rodada, colares e turbantes – jogam água perfumadas nas escadarias da igreja – “água de cheiro” – ao som de atabaques e muitos cânticos. É uma demonstração de fé e gratidão ao Criador pelo dom da vida, representado pela água que espargem pelos adros do templo.

 

4º Setor – LAVANDO A ALMA

Das lágrimas, nem sempre de alegria, mas que ainda hoje fazem marejar nossos olhos quando ouvimos a Intendente inteira declamando o amor pelo pavilhão, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos da Abolição lava sua alma nesse carnaval, ao som de seus repiques e tamborins, bumbos, surdos e taróis, cavaquinhos e a voz do intérprete que contagia e faz despertar o orgulho de seus apaixonados passistas, sambistas e demais componentes.

Carnavalesco: Beto Botelho