Histórico dos desfiles

 

Década de 1920

Início da década de 20: O Rio de Janeiro começava a tomar contato com o samba depois que “Pelo Telefone”, de Sinhô, Mauro de Oliveira de Almeira e Donga, foi gravado em 1917 e fez sucesso. Mas as rodas de samba eram vistas pela polícia mais como uma reunião criminosa, “vagabundagem” que uma manifestação cultural. Nos morros do centro da cidade, especialmente no bairro do Estácio, o samba começava a tomar a forma que o tornaria conhecido em todo o país, distanciando-se cada vez mais de outros ritmos como o maxixe ou a marcha.
Abril de 1923: É fundado no dia 11 em Oswaldo Cruz, bairro distante do centro, um bloco chamado Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz. Por Paulo Benjamin de Oliveira, Antônio Rufino e Antônio Caetano. Pouco tempo depois passa a se chamar Vai Como Pode.

Agosto de 1928: No dia 12, foi fundado por Ismael Silva e Bide entre outros, o bloco Deixa Falar, no Largo do Estácio. O local de encontro dos fundadores ficava perto da Escola Normal. Esta coincidência geográfica é considerada a razão pela qualnasceu o termo “escola de samba”. Se na escola normal formavam-se professores, os criadores do Deixa Falar difundiram o samba por vários bairros. O bloco se entitulava escola de samba mas nunca chegou a ser uma, de fato. O termo não chegou a ser utilizado embora todos reconheçam que esta foi a primeira.

Abril de 1929: No dia 28, um grupo que incluía figuras como Cartola e Carlos Cachaça transformava o Bloco dos Arengueiros em Estação Primeira de Mangueira. Mas até por volta de 1934, o termo escola de samba era um codinome dos mangueirenses que ainda eram chamados por vezes de Bloco.


 

Década de 1930

Dezembro de 1931: No dia 31, foi fundada a Unidos da Tijuca.
Fevereiro de 1932: O jornal “Mundo Sportivo”, dirigido pelo jornalista Mário Filho (que hoje empresta o nome ao Estádio do Maracanã), resolve organizar o primeiro torneio de escolas de samba. Como os corsos passavam no domingo, os ranchos na segunda e as grandes sociedades na terça, não havia local para as escolas na Avenida Rio Branco, local oficial dos desfiles de carnaval. Adotou-se como local a Praça 11 de Junho.

7 de fevereiro de 1932: Acontecia o primeiro desfile, na Praca Onze, que lotou o local para assistir a apresentação de 19 escolas, desde às 20h30. Cada escola podeira apresentar três sambas. A vencedora foi a Mangueira. A Deixa Falar, que havia resolvido virar um rancho faz o seu primeiro desfile competitivo que foi um fiasco. Depois do carnaval, acusações internas de mal uso das verbas. A primeira “escola de samba” acaba.

Fevereiro de 1933: Com o fim do “Mundo Sportivo”, o jornal “O Globo” assume a organização do concurso das escolas de samba, que é, pela segunda vez, vencido pela Mangueira. Desfilaram 35 escolas, entre 20h30 e 4h15 da manhã. Os jornais destacam que a Unidos da Tijuca se apresentou com um samba que era “de acordo com o enredo”. Muitos especialistas consideram este o primeiro samba-enredo, apesar de a paternidade do gênero também ser reivindicada a Paulo da Portela.

Janeiro de 1934: No dia 20, realizou-se no Campo de Santana um desfile em homenagem ao prefeito Pedro Ernesto, considerado um dos mecenas das escolas de samba. A Mangueira foi tricampeã. No carnaval propriamente dito, as principais escolas alegaram já ter participado de um concurso e não quiseram disputar novamente. Foi a única vez que o desfile “oficial” se realizou fora do carnaval.

Maio de 1934: Em 1º de maio, o bloco Vai Como Pode foi renovar a sua licença para poder continuar funcionando. O delegado encarregado, Dulcídio Gonçalves, recusou-se a registrar o nome “Vai Como Pode”, dizendo que era inadeuqado para uma agremiação “daquele porte”. Então o sambista Paulo da Portela era uma das figuras mais respeitadas no mundo do samba. O bloco tinha sua sede na Estrada Portela. O delegado sugeriu então que o bloco fosse registrado como Grêmio Recreativo Escolas de Samba Portela. Esta designação (GRES) acabou sendo utilizada por todas as demais.

Setembro de 1934: No dia 6, 28 escolas fundam a União das Escolas de Samba.

Fevereiro de 1935: Pela primeira vez, o desfile das escolas de samba ganha subvenção oficial da Prefeitura, o que só ocorria com ranchos e grandes sociedades. Foi a primeira vez que o bloco Vai Como Pode desfilou como Portela. E foi vencedor.

Fevereiro de 1937: O delegado Dulcídio Gonçalves interfere de novo. Mandou simplesmente encerrar o desfile “que passava da hora” quando apenas 16 das 32 escolas inscritas haviam desfilado. Não puderam se apresentar entre outras a campeã do ano anterior, a Unidos da Tijuca, e a Mangueira. O juri indicou como campeã a Vizinha Faladeira, que trouxe uma comissão de frente montada em cavalos.

Fevereiro de 1938: Foram proibidos pelo regulamento carros alegóricos e temas que não fossem nacionais. Esta proibição só foi extinta no ano de 1997. Em 38, a comissão julgadora não apareceu. As escolas desfilaram mas não houve vencedores.

Início de 1939: A União das Escolas de Samba passa a se chamar União Geral das Escolas de Samba.

Fevereiro de 1939: A Portela é a grande sensação do desfile ao apresentar todos os seus componentes fantasiados de acordo com o enredo e ganha seu segundo título. A comissão julgadora, da qual participava Austregésilo de Ataíde, desclassificou a Vizinha Faladeira por trazer um tema estrangeiro (“Branca de Neve e os Sete Anões”).


 

Década de 1940

Fevereiro de 1940: As escolas são proibidas de funcionar por causa de uma briga que feriu uma passista de uma escola. Depois de muitos protestos, que envolveram inclusive o cantor Francisco Alves, a proibição foi revogada. A escola de samba Vizinha Faladeira, em protesto pela desclassificação, passa por trás da comissão julgadora (que naquela época ficava em um palanque). Os diretores da escola anunciam que a escola se retiraria do carnaval. “Um dia voltamos…”.

Fevereiro de 1941: A Portela inicia uma série de vitórias que a tornaria até hoje a escola com mais campeonatos.

Fevereiro de 1942: O desfile acontece pela última vez na tradicional Praça Onze, quase inteiramente demolida para a construção da avenida Presidente Vargas. Neste carnaval, por causa de brigas na hora de desfilar, Paulo da Portela se afasta da escola que fundou.

Fevereiro de 1945: A Segunda Guerra fez com que os jornais pouco falassem de carnaval. Neste ano, a imprensa só falou de uma briga que ocorreu entre desfilantes que terminou com 20 pessoas feridas e um morto. O desfile foi no campo do Vasco da Gama. A Praça Onze não existia mais.

Fevereiro de 1946: No carnaval da vitória todas as escolas enalteceram o fim da guerra que terminou com a derrota dos nazistas. O regulamento proíbe versos improvisados nos sambas e carros alegóricos motorizados ou puxados por animais. No desfile, a escola Prazer da Serrinha troca de samba na hora de entrar. A crise, provocada pela decisão de seu presidente, levaria um ano mais tarde à fundação do Império Serrano.

Abril de 1946: Nasce a Unidos de Vila Isabel.

Janeiro de 1947: A aproximação dos sambistas da esquerda fez com que o governo e a direita fundassem uma associação com o intuito de esvaziar a União Geral das Escolas de Samba. É Fundada a Federação Brasileira das Escolas de Samba.

Fevereiro de 1947: O desfile marca a guerra fria entre as duas associações. Das 48 inscritas, desfilam 26, pela primeira vez na nova avenida Presidente Vargas. O júri dá o título à Portela pela sétima vez consecutiva.

Março de 1947: Finalmente os dissidentes da escola Prazer da Serrinha resolvem se rebelar de vez e fundam no dia 23 o Império Serrano.

Fevereiro de 1948: Desfilando muito bem em seu primeiro ano, o Império Serrano vence o carnaval, trazendo todos os componentes fantasiados, o que era difícil na época, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira no meio da escola, ao contrário do que mandava a tradição, de trazê-los logo no começo. O resultado levanta suspeitas de que a Federação das Escolas havia favorecido o Império. Mangueira e Portela ao longo do ano se desligaram da Fedração, prometendo ressucitar a União das Escolas de Samba.

Janeiro de 1949: No dia 30, morre Paulo da Portela. Seu enterro é acompanhado por 15 mil pessoas.

Entre 1949 e 1951: Houve dois desfiles. Um oficial, que era subvencionado pela Prefeitura, e tinha como principal escola o Império Serrano. Do outro lado, sem verba alguma, desfilavam as dissidentes Portela e Mangueira. O Império ganhou todos os desfiles oficiais nestes anos.


 

Década de 1950

1952: Com o Partido Comunista na ilegalidade, as escolas deixam de ser palco de disputas políticas. O grande evento do carnaval era o tira-teima entre Portela e Mangueira, de um lado, e Império Serrano do outro. Foi montado um tablado para o desfile e pela primeira vez havia arquibancada e palanque de autoridades. A Portela e a Mangueira empolgaram o público. Durante o desfile do Império caiu uma chuva muito forte que afugentou o juri. Por isso, a pedido dos imerianos, os envelopes nem chegaram a ser abertos. É criada a regra do acesso e descenso. As principais desfilaram na Presidente Vargas e as menores no local onde foi a Praça Onze.

Depois do carnaval de 1953: Houve a fusão das entidades, nascendo daí a Asscociação das Escolas de Samba do Brasil.

Fevereiro de 1953: Com o juri abrigado em uma coberta para se proteger da chuva o desfile foi realizado. A Portela se apresentou com muita gana e venceu o confronto, obtendo nota 10 em todos os quesitos, fato inédito até então na história das escolas.

Março de 1953: No dia 15 é nomeada a primeira diretoria da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, fusão da Azul e Branco e Depois eu Digo.

Fevereiro de 1954: Beneficiada pela posição de uma das escolas que o formaram o Salgueiro desfila pela primeira vez no grupo principal e acaba em terceiro lugar na frente da Portela.

1955: “Tiradentes”, tema do Império Serrano em 1949 torna-se o primeiro samba-enredo a ser gravado por um artista da música popular, pelo cantor Roberto Silva.

Fevereiro de 1957: O desfile é transferido para a avenida Rio Branco, onde desfilavam os ranchos, em virtude do excesso de público que se interessava pela apresentação, àquela altura o principal evento do carnaval carioca. Abandonou-se a idéia do tablado. A imprensa estimou que o público presente ao desfile chegava 700 mil pessoas.

Fevereiro de 1959: O Salgueiro contrata uma dupla de artistas plásticos para fazer o carnaval, Dirceu Neri e Marie Louise. Ambos resolvem abanonar os desengonçados carros alegóricos e criam os adereços de mãos, causando grande impacto visual.

Abril de 1959: O Salgueiro faz uma apresentação em Cuba, pouco depois da vitória de Fidel Castro. Era a primeira vez que uma escola de samba ia ao exterior.


 

Década de 1960

1960: Fernando Pamplona, cenógrafo do Teatro Municipal, é convidado para fazer o carnaval do Salgueiro. Mantém os artistas que fizeram o carnaval anterior e ainda convida seu colega de trabalho Arlindo Rodrigues. Eles montam um enredo sobre Zumbi dos Palmares. Era aprimeira vez que uma escola ia homenagear um personagem da história não-oficial. Foi difícil convencer a escola que precisava haver alas vestidas de escravos.

Carnaval de 1960: Os favoritos para vencer o desfile eram Portela e Salgueiro. Na apuração deu Portela em primeiro, Mangueira em segundo e Salgueiro em terceiro. Naquele ano foi introduzido o quesito cronometragem para as escolas que ultrapassassem. As duas primeiras foram penalizadas em 15 pontos. O título ficaria com o Salgueiro. Os dirigentes de outras escolas se revoltaram com a mudança do resultado. O tumulto foi aumentado com a ação da polícia que partiu para cima dos sambistas batendo com cassetetes. No dia seguinte houve uma reunião para decidir o impasse. Ficou decidido que as cinco primeiras colocadas (Portela, Mangueira, Salgueiro, Império e Unidos da Capela) seriam declaradas campeãs. No domingo seguinte foi realizado em Madureira, bairro da Portela, um desfile com todas as campeãs. Mal sabiam elas que estavam participando da comemoração pelo tetracampeonato dos portelenses.

Fevereiro de 1961: Pela primeira vez se cobrou ingresso.

Fevereiro de 1963: A turma de Fernando Pamplona comanda uma vitória arrasadora do Salgueiro com o enredo “Chica da Silva”, considerado um dos mais importantes da história das escolas. Uma das alas passou dançando um minueto, dança do tempo da personagem homenageada. A polêmica em torno das inovações foi grande.

Fevereiro de 1964: As escolas de samba começam a crescer, invadidas pelos foliões de classe média. Portela e Mangueira, que tinham cerca de 90 componentes nos anos 30 se apresentaram com 1.200.

Março de 1965: Para comemorar os 400 anos de fundação do Rio de Janeiro, todas as escolas prepararam enredos sobre o tema. A Portela trouxe uma ala inteira de artistas da TV Exelsior, a mais importante emissora na época. O Império trouxe pela primeira vez um samba feito em parceria por uma mulher, dona Ivone Lara em “Os cinco bailes da História do Rio”. A maior gafe do desfile, vencido pelo Salgueiro, foi cometido por um jurado de mestre-sla e porta-bandeira, que atribuiu notas mais altas (6 e 8) ao casal da Imperatriz Leopoldinense que a da famosa Neide da Mangueira. Poderia ser apenas uma questão de gosto não fosse pelo fato que o casal da outra escola não desfilou porque a fantasia não chegara a tempo.

Fevereiro de 1966: Choveu muito no Rio e a sede e o barracão da Império da Tijuca foi completamente destruído. A escola passou na avenida apenas com um grupo de sambistas, sem dançar ou tocar música. Neste ano, a Portela foi novamente campeã com o único samba-enredo que Paulinho da Viola compôs para a escola.

Fevereiro de 1967: A Portela obtém a colocação mais baixa de sua história até então, sexto lugar.

Fevereiro de 1969: O Império Serrano tinha em “Heróis da Liberdade” um dos mais belos sambas-enredo da história, segundo os especialistas. Mas os militares, que acabavam de editar o AI-5, achavam que o samba homenageava a oposição ao regime. Depois de muita negociação a escola não foi obrigada a mudar o enredo, mas teve de alterar alguns versos do samba-enredo. O vencedor do ano foi o Salgueiro. Ismael Silva, um dos criadores das escolas de samba, não pôde assistir o desfile porque não tinha dinheiro para pagar ingresso. O secretário de Turismo no Rio sequer o recebeu. Alegou que não sabia quem ele era.


 

Década de 1970

Fevereiro de 1970: Para evitar o atraso foi reinstituído o quesito cronometragem. Os desfiles então começavam no começo do domingo e só acabavam por volta de meio-dia de segunda. O Império Serrano, punido, ameaçou não desfilar no ano seguinte. Mesmo com o pedido das outras escolas, a organização não deu de volta os pontos para a escola. Este carnaval marcou a última vez em que a poderosa Portela vencia sozinha um desfile.

Fevereiro de 1971: O Salgueiro introduz na história do carnaval o samba de caráter popular, com “Festa para um rei negro”, mais conhecido como “Pega no Ganzê”. O conhecido refrão “Olelê olalá/Pega no ganzê, pega no ganzá” foi um sucesso absoluto e a escola vence mais uma vez o carnaval.

Fevereiro de 1972: O gigantismo das escolas preocupava os sambistas. Eles já contavam com cerca de 2.500 figurantes. Ficava cada vez mais difícil que todos cantassem o samba sincronizadamente. “Atravessar” o samba tornou-se um problema freqüente. A Portela deu aos componentes radinhos de pilha para que ouvissem a transmissão das rádios e não atravessassem. No mesmo ano, o Salgueiro causou polêmica ao homenagear a sua madrinha, a Mangueira. O Império Serrano venceu o desfile, no que foi o seu último momento antes de entrar em crise. A Associação das Escolas de Samba entrou com ação na justiça para que as TVs pagassem pelo direito de transmissão. A decisão não saiu até o carnaval.

1973: As escolas assinam contrato com a gravadora Top Tape para gravar o disco dos sambas-enredo, que logo se transforma em fenômeno de vendas. A Associação assina contrato com a TV Rio para comercialização de fitas com o desfile no exterior. O samba-enredo se torna um negócio rentável. A bateria da Portela tem um colapso no desfile e perde completamente a cadência. Os portelenses consideram este como um dos maiores desastres da história da escola.

Fevereiro de 1974: As obras do Metrô obrigam o desfile a ser transferido para a Avenida Antônio Carlos. Neste ano o Salgueiro venceu com um enredo concebido por Joãosinho Trinta. Um dos destaques foi a Mocidade Independente, escola até então pequena, que desfilou com muito luxo graças ao apoio financeiro cada vez maior de Castor de Andrade. A Portela permitia, quebrando uma tradição, que compositores de fora da escola, fizessem o samba-enredo, causando revolta interna.

Fim de 1974: Portelense ilustre, o sambista Candeia deixa a escola e funda a Quilombo, escola que reuniria uma série de descontentes com os rumos das escolas de samba. Ela era uma tentativa de resistência, de volta às tradições. Convidou sambistas famosos e não exigiu exclusividade. A escola não competiria com as demais.

1975: Logo depois do carnaval em que o Salgueiro conquistou o bicampeonato, o banqueiro de bicho Anísio Abraão David resolve assumir a então modesta Beija-flor de Nilópolis. Contratou Joãosinho Trinta por cifras nunca reveladas.

Fevereiro de 1976: A Beija-flor, com muito luxo inimaginável para as escolas de samba até então, desfila com um enredo em homenagem ao jogo do bicho, “Sonhar com Rei dá Leão” e fatura o título. Era a primeira vez desde 1937 que a campeã do carnaval não era uma das quatro grandes, Portela, Mangueira, Império Serrano ou Salgueiro. A pequena Em Cima da Hora, desfila “Os Sertões”, samba que está entre os mais citados como melhor de todos. Acabou em penúltimo lugar.

Fevereiro de 1977: A Mangueira resolve voltar às tradições e apresenta na Comissão de Frente todos os seus fundadores mais ilustres. As escolas tradicionais resolvem investir em sua qualidades para combater a riqueza da Beija-flor ou Mocidade. A Beija-flor é bicampeã.

1978 e 1979: Em 1978, pela primeira vez o desfile aconteceu no seu local definitivo, a rua Marquês de Sapucaí. Venceu de novo a Beija-flor. Império Serrano e Vila Isabel são rebaixados para o segundo grupo. Neste mesmo ano morreu Candeia, apresentando o fim da Quilombo. No ano seguinte foi a vez da Mocidade com a escola de Nilópolis em segundo. O ilustre mangueirense Cartola anunciou que não iria desfilar pela Mangueira porque não agüentava correr. “Isto não é carnaval, é parada militar”, protestava contra a obrigatoriedade de desfilar em 80 minutos.


 

Década de 1980

Fevereiro de 1980: Três escolas vencem o carnaval: Beija-flor, Imperatriz Leopoldinense e, pela primeira vez em 10 anos a Portela.

Novembro de 1980: Morre Cartola, um dos maiores nomes da Mangueira.

Fevereiro de 1981: No bicampeonato da Imperatriz que se incorporou ao grupo das grandes, a surpresa foi a colocação do Império Serrano e da Vila Isabel, nas duas últimas posições. Mas a confusão da pista havia sido tão grande que as escolas resolveram não rebaixar ninguém.

Fevereiro de 1982: O Império Serrano sai do último para o primeiro lugar, com o enredo “Bum, bum, paticumbum, prugurundum”, que criticava as “Escolas de Samba S.A.”. Naquele ano foi proibida a presença de destaques nos carros alegóricos. Beija-flor e Imperatriz desrespeitam a regra e perderam pontos.

Fevereiro de 1983: A Beija-flor consegue mais um título num enredo sobre negros ilustres como Pelé e Clementina de Jesus. Naquele ano a luz apagou durante o desfile da Caprichosos de Pilares. Assim, ficou decidido que ninguém desceria.

Julho de 1983: Os sambistas sugerem a divisão do desfile em dois dias, cada um com 7 escolas.

Setembro de 1983: O governador Leonel Brizola resolve erguer um local definitivo para acabar com o monta e desmonta de arquibancadas metálicas. O projeto de Oscar Niemeyer foi erguido em apenas 4 meses.

Final de 1983: A escola de samba Unidos de São Carlos, fundada em 1955, resolve mudar de nome para Estácio de Sá, para levar o nome que é conhecido no Rio de Janeiro como o berço do samba. Coincidência ou não, depois da mudança, a escola que era considerada um “ioiô” (aquela agremiação que alterna com freqüência desfiles no primeiro grupo e no segundo grupo) nunca mais caiu, só caindo em 1997.

Março de 1984: Este carnaval teria duas campeãs. Uma para cada dia. Para dar haver uma campeã inventaram que no sábado seguinte haveria um supercampeonato com as três melhores de cada dia. As escolas estrearam o “Sambódromo”, como ficou popularmente conhecido em dois dias de desfile. O desafio enfrentado pelas escolas foi a praça da Apoteose, um local muito amplo que faziam as escolas se desmontarem todas. A Portela foi a campeã do domingo. A Mangueira venceu a segunda e resolveu ignorar a praça da Apoteose. Quando a escola toda havia entrado nela, livre do julgamento, a escola deu meia volta e voltou pela avenida, levando o povo ao delírio.

Julho de 1984: As escolas fundam a Liga Independente das Escolas de Samba com o objetivo de cada vez mais assumir a organização dos desfiles.

1985: A Liga cria um selo próprio para fazer o disco dos sambas-enredo e passa a negociar a transmissão de TV. Estava acabada a “fase romântica das escolas de samba”, segundo os especialistas.

Fevereiro de 1988: A Vila Isabel surpreende com um desfile sem brilho e materiais brilhantes, mas inegavelmente bonitos e muita garra. A escola conseguiu seu primeiro título com o enredo “Kizomba, a Festa da Raça”.

Fevereiro de 1989: Os especialistas se animaram. Os sambas-enredo sem jeito de marchinha foram os vencedores neste ano assim como no anterior. Mas a grande surpresa não foi da campeã, a Imperatriz. O maior impacto foi pela Beija-flor. A Cúria Metropolitana da Rio de Janeiro soube que a escola traria o Cristo Redentor de abre-alas no enredo “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia”. O arcebispo conseguiu que a justiça proibisse a alegoria de ser mostrada. No dia do desfile, Joãosinho Trinta apresentou o Cristo coberto em plástico e com uma faixa: “Mesmo proibido, olhai por nós”. Embaixo dele uma gigantesca ala de mendigos num tema que abordava o lixo e o luxo da vida brasileira.


 

Década de 1990

1990: A Mocidade Independente conta um enredo sobre membros ilustres da sua história como o Mestre André, diretor que fez a fama da bateria da escola, o puxador Ney Vianna e o carnavalesco Fernando Pinto. A escola vence o carnaval.

1991: Mocidade e Beija-flor instituem o computador para organizar o desfile. A Mangueira escapa por pouco de um vexame, acabando o carnaval em 12º lugar. A Mocidade se sagra bicampeã.

1992: A Liga começa a brigar com a Riotur para assumir totalmente a organização do desfile. Como a Riotur não concordou, as escolas ameaçaram não desfilar na Marquês de Sapucaí. Mas o acordo acabou sendo feito. A Estácio, com um enredo sobre os 70 anos da Semana de Arte Moderna (de 1922) venceu seu primeiro carnaval, tirando da Mocidade a chance do tricampeonato. O desfile teve dois fatos marcantes: um foi o incêndio em um carro da Viradouro que fez a escola praticamente ficar presa na pista. O carro foi totalmente destruído e a escola acabou perdendo a chance de boa colocação com um enredo sobre os ciganos. Depois dela passou pela avenida um modelo completamente nu na Beija-flor. O rapaz disse que o tapa-sexo caiu. Mas a comissão de carnaval acabou punindo a escola, uma vez que o regulamento proíbe a “genitália desnuda”.

Fevereiro de 1993: O samba-enredo do Salgueiro “Peguei um Ita no Norte” se tornou o grande sucesso do carnaval, sendo cantado por toda a avenida. A escola vence o carnaval e interrompe um jejum de 18 anos sem vitória.

Maio de 1993: A Justiça condena 13 grandes bicheiros do Rio por formação de quadrilha. Durante o ano foi debatido se as escolas conseguiriam sobreviver sem a ajuda de seus patronos.

1994: Quando todos esperavam que o título do ano fosse ser decidido entre Salgueiro, Portela, Beija-flor ou Mangueira, que empolgaram a platéia, venceu a Imperatriz, com um desfile considerado técnico pelos comentaristas mas que não empolgou o público. Depois de abertos os envelopes dos jurados a Imperatriz ficou conhecida como “escola de resultados”. Ficou provado que o esquema empresarial das escolas podia sustentar as escolas.

1995: O grande evento do carnaval era a volta à Portela de pessoas ilustres, sambistas da velha guarda que voltavam com grande empolgação. A escola ficou a apenas 0,5 ponto da bicampeã Imperatriz, apesar da revolta do público no desfile das campeãs.

1996: A Mocidade volta a vencer com um enredo sobre a criação do mundo. A escola entrou de manhã devido a um atraso no desfile. A Portela teve problemas com carros durante o desfile, perdeu pontos de cronometragem e abandonou os carros na dispersão causando um grande congestionamento de carros alegóricos.

1997: A Viradouro, que havia ficado na 13ª colocação no ano anterior, surpreende e conquista seu primeiro campeonato entre as grandes escolas de samba, com enredo concebido por Joãosinho Trinta. Império Serrano e Estácio de Sá caem para o Grupo de Acesso A.

1998: Mangueira, depois de 11 anos, e Beija-Flor, pela primeira vez no sambódromo, faturam o campeonato no ano de 98. Apesar do belo desfile, a Viradouro perde pontos preciosos em bateria, samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira, ficando longe do bicampeonato.

1999: A Imperatriz se sagra campeã com um desfile que não foi tecnicamente perfeito como nos anos anteriores, com problemas de evolução e de acabamento em alegorias, mas não foi punida como deveria. Mocidade Independente emociona avenida com um inesquecível desfile sobre o maestro Villa-Lobos, mas também com problemas de evolução, recebe uma nota 7,5 do jurado Carlos Pousa e fica apenas em quarto lugar. Unidos da Tijuca faz um desfile sensacional sobre o índio no Grupo de Acesso e volta ao Grupo Especial. Império Serrano é rebaixada novamente.


 

Década de 2000

2000: Neste ano, desde o quarto centenário do Rio, as escolas de samba do Grupo Especial não faziam um carnaval temático. Desta vez foi em homenagem aos 500 anos do Brasil. Com uma ajuda do governo de mais 500 mil para cada escola, o desfile ficou ainda mais grandioso. A Imperatriz Leopoldinense é novamente bi-campeã do carnaval, falando sobre o descobrimento do Brasil. Vila Isabel é rebaixada para o Grupo de Acesso A e o Império Serrano volta ao Grupo Especial.

Julho de 2000: Morre D. Neuma, baluarte da Mangueira.

2001: A Imperatriz é a primeira tricampeã da era Sambódromo e do novo século. Com um enredo sobre a cana, a escola realiza um desfile apenas correto, e seu título foi bastante contestado, principalmente pela Beija-Flor, que fez um brilhante desfile. A Tradição homenageia Sílvio Santos. Ele desfila no primeiro carro da escola e é ovacionado. União da Ilha cai para o Grupo de Acesso.

2002: A Estação Primeira de Mangueira, com enredo sobre o Nordeste, acontece na avenida e ganha mais um título, acabando com a hegemonia da Imperatriz Leopoldinense. Num carnaval bastante equilibrado, a Mangueira vence por um diferencial: a emoção.

Janeiro de 2003: Morre D. Zica, baluarte da Mangueira.

2003: Antes dos desfiles, o Salgueiro era o grande favorito para ganhar o carnaval. Para falar dos seus 50 anos, contratou Renato Lage, que elaborou alegorias e fantasias belíssimas, tinha um samba popular, enfim, havia uma grande expectativa. Porém, no desfile o seu favoritismo não se confirmou. A escola teve problemas com sua harmonia, veio com componentes demais, e com isso estourou o tempo limite em 4 minutos, ficando somente com um amargo sétimo lugar. A campeã foi a Beija-Flor, com um desfile de gosto duvidoso.

2004: Novidade no regulamento: houve a liberação para a reedição de sambas-enredos antigos. Quatro escolas aderiram a idéia: Portela (Lendas e Mistérios da Amazônia), Império Serrano (Aquarela Brasileira), Viradouro (Festa do Círio de Nazaré, da Estácio) e Tradição (Contos de Areia, da Portela). Nenhuma delas ganhou. O campeonato foi mais uma vez da Beija-Flor, que falava sobre a Amazônia. Porém, a sensação do carnaval foi o desfile da Unidos da Tijuca, do estreante carnavalesco Paulo Barros. A escola trouxe carros humanos coreografados, que fizeram muito sucesso, principalmente o que representava o DNA. A Vila Isabel volta ao Grupo Especial.

2005: A Beija-Flor, que contou na avenida a história das Sete Missões do Rio Grande do Sul, conquista o seu segundo tricampeonato, ficando somente um décimo na frente da Unidos da Tijuca. A Portela, com nova diretoria, faz o pior desfile de sua história, com muitos incidentes, inclusive impedindo a sua tradicional velha-guarda de entrar na avenida, e fica em 13º lugar, a uma posição do rebaixamento. Tradição cai para o Grupo de Acesso.

2006: Falando sobre a latinidade, a Unidos de Vila Isabel surpreende e conquista o seu segundo título. Com a mesma pontuação que a Grande Rio, que teve muitas falhas em seu desfile e estourou o tempo máximo de desfile, a escola do bairro de Noel vence no desempate no quesito samba-enredo. Caprichosos de Pilares é rebaixada e Estácio de Sá volta ao Grupo Especial.

Novembro de 2006: Morre Toco, maior compositor da história da Mocidade Independente de Padre Miguel.

2007: Com um grande carnaval, a Beija-Flor conquista mais um título nessa década. O Salgueiro também realiza um excelente desfile com o enredo “Candaces”, mas consegue somente a sétima colocação. lmpério Serrano e Estácio de Sá são rebaixadas para o Grupo de Acesso.

Abril de 2007: A Operação Furação realizada pela Polícia Federal prende, dentre outros membros do esquema de corrupção descoberto por eles, alguns bicheiros envolvidos com o carnaval, como o Anísio, o Capitão Guimarães e o Turcão. Nesta operação, membros da PF deram a entender que havia indícios de armação no resultado para favorecer a Beija-Flor, campeã do último carnaval. Nada foi provado até então.

2008: Pela primeira vez na história do sambódromo, o desfile das grandes escolas passa a contar somente com 12 agremiações, número considerado ideal pela LIESA. Apesar da redução, a qualidade dos desfiles não corresponde, e o desfile segue sem grandes destaques. A campeã mais uma vez é a Beija-Flor, falando sobre Macapá. A Portela conquista a quarta colocação e volta a desfilar entre as campeãs depois de dez anos.

Junho de 2008: Morre Jamelão, intérprete da Mangueira.

2009: Com a crise financeira que abateu o mundo em 2008, muitas escolas tiveram dificuldades para comprar materiais com preço em conta, causando atraso na confecção das alegorias e fantasias. A mais prejudicada foi a Mangueira, que conseguiu superar os problemas de acabamento de suas alegorias com a garra de seus componentes na avenida, e obteve a honrosa sexta colocação. Salgueiro volta a vencer depois de 16 anos com um belíssimo desfile falando sobre o tambor. União da Ilha volta ao Grupo Especial.


 

Década de 2010

2010: Com um desfile arrebatador, a Unidos da Tijuca conquista seu segundo título, 74 anos após o primeiro, em 1936. Com uma comissão de frente repleta de truques, a escola seduziu o público com o enredo “É segredo!” e não deixou dúvidas de quem seria a campeã do carnaval, consagrando de vez o carnavalesco Paulo Barros. Viradouro é rebaixada para o Grupo de Acesso pela primeira vez.

Fevereiro 2011: Um grande incêndio atingiu a Cidade do Samba um mês antes do Carnaval, atingindo os barracões da Portela, União da Ilha e Grande Rio. A escola de Caxias foi a mais prejudicada, perdendo todo o seu carnaval, que estava bastante adiantado. Para tentar contornar a situação, a LIESA decidiu considerar as três escolas como hors-concours, anulando o rebaixamento.

Carnaval de 2011: Por conta do incêndio na Cidade do Samba, o desfile passa a ter somente 9 concorrentes, não havendo rebaixamento. O Salgueiro, que vinha fazendo um grande desfile, teve problemas com suas grandes alegorias, que fizeram com que a escola ultrapassasse o tempo máximo regulamentar em 10 minutos, acabando com as chances de título, deixando o caminho livre para a Beija-Flor conquistar seu décimo segundo campeonato com o enredo sobre Roberto Carlos.

2012: A Unidos da Tijuca, do carnavalesco Paulo Barros, vence novamente, em um ano que o desfile de maior destaque foi o da Vila Isabel, que falava sobre Angola. Porto da Pedra é rebaixada com um enredo sobre o iogurte. Império Serrano realiza um emocionante desfile no Grupo de Acesso homenageando D. Ivone Lara, mas perde para a Inocentes de Belford Roxo, que conquista seu primeiro acesso ao Grupo Especial.

Novembro de 2012: Morre Delegado, o maior mestre-sala da história do carnaval.

2013: Com um grande samba de autoria de Martinho da Vila e Arlindo Cruz, dentre outros, a Unidos de Vila Isabel conquista mais um campeonato, o terceiro em sua história. Uma nova Liga é criada para gerenciar o Grupo de Acesso, após os resultados questionáveis do ano anterior. Com isso, os antigos Grupos A e B se fundem para a criação da Série A, que passa a desfilar na sexta e sábado de carnaval. A Império da Tijuca se torna a campeã desse grupo, voltando a desfilar no Grupo Especial após 18 anos.

2014: Portela, com nova administração, volta a realizar um desfile competitivo, mas alcança somente um terceiro lugar. Beija-Flor desfila com enredo sobre o Boni e fica em um modesto sétimo lugar. Unidos da Tijuca conquista seu quarto campeonato, com um desfile sobre Ayrton Senna, sem maiores destaques. Viradouro é a campeã da Série A.

Outubro de 2014: Morre Ivo Lavadeira, fundador e baluarte da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Janeiro de 2015: Morre Dodô, lendária porta-bandeira da Portela.

2015: Após o insucesso do ano anterior, a Beija-Flor de Nilópolis dá a volta por cima e conquista mais um título com um enredo patrocinado sobre a Guiné Equatorial, um país africano pobre governado por um ditador milionário, fato que gerou bastante polêmica. O quesito conjunto foi eliminado do julgamento do Grupo Especial.