Império Ricardense – Sinopse 2016

CARNAVAL DE 2016

SINOPSE DO ENREDO

Meu Lugar

Império Ricardense - Logo do Enredo - Carnaval 2016

 

Pra viver um sonho eu volto à infância e embarco na emoção, pelos trilhos do progresso.
Falar de um lugar quase esquecido, quase fábula, meio perdido.

Onde o passado e o futuro se confundem com a sua vasta imensidão ainda verde…
Sabem onde fica? Não!

Nós os locais, costumamos dizer que: Passando de Deodoro é a próxima estação, ou no dito popular a próxima parada.
Mas nem sempre foi assim…

Porque Deodoro também já foi Sapopemba dizia certa canção.
Da praça eu lhes conto essa história que tem lá seus mistérios, mas não é conto de fadas.
Sapopemba é árvore que deu nome ao lugar.

Diz à lenda que o Curupira, responsável pelos estrondos na mata, bate um casco de jabuti com força na raiz das sapopembas da sumaúma, para checar se elas estão suficientemente fortes para resistir às tempestades.

Em 09 de fevereiro de 1855, o Governo Imperial decidiu pela construção da primeira seção de uma estrada de ferro que visava promover, a partir do Município da Corte (a então cidade do Rio de Janeiro), uma completa integração do território brasileiro sobre trilhos.

Foi então organizada a Companhia de Estrada de Ferro D. Pedro II. O projeto mestre tinha como objetivo a construção de uma espécie de “espinha dorsal” entre o Rio de Janeiro e a estação de Belém em Japeri, que teria conexões com todas as regiões do Brasil através de ramais a serem construídos pela própria companhia, ou, por meio de outras ferrovias.

É aqui que começa nossa historia…

Tairetá hoje é Paracambi
E a vizinha Japeri
Um dia se chamou Belém (final do trem)
E Magé, com a serra lá em riba
Guia de Pacobaiba
Um dia já foi também (tempo do vintém)

Deodoro também já foi Sapopemba
Nova Iguaçu, Maxambomba
Vila Estrela hoje é Mauá (Piabetá)
Xerém, Imbariê
Mas quem diria
Que até Duque de Caxias
Foi Nossa Senhora do Pilar

Interessante à aula de historia que a letra da musica “Sapopemba e Maxabomba”, cantada por Zeca Pagodinho e letra de Nei Lopes e Wilson Moreira pode nos oferecer…

Dali de Japeri (Belém), a linha subiu a Serra das Araras, atingiu juiz de fora, Pirapora. Em 1948 foi prolongada até Monte Azul onde fazia a ligação com outra ferrovia que levava o trem à Salvador… Além dos campos verdejantes e das lindas flores, Sapopemba quando Engenho e fazenda no século XIX foi grande produtora de café e cana de açúcar e ao lado da ferrovia, ergueu-se a Companhia de Tecidos de Linho Sapopemba. Um ano antes de passar a se chamar Deodoro, por motivo da inauguração dos trabalhos na nova recém-inaugurada estação da Vila Militar.

A estação de Ricardo de Albuquerque foi inaugurada em 1913, antes era Parada de Sapopemba, entenderam a parada agora?

Deve seu nome a um antigo diretor da ferrovia e poeta… José Ricardo de Albuquerque.

De um lado as terras do Engenho de Nazaré, onde cruzavam as estradas da Alcobaça e Camboatá de lindos campos verdejantes. Do outro lado da estação, partia um ramal militar que seguia para base no campo de Gericino e cujo leito acompanhava a estrada do Engenho Novo, fazendo no meio um corte chamado de “Rasgão”, atualmente extinto e desaparecido.

Dizem que por ali existia um cemitério de índios, sem nada que comprove essa informação além dos relatos de moradores quase centenários ainda vivos.

Na Av. Marechal Alencastro é onde se situa o Cemitério de Ricardo de Albuquerque, durante muito tempo nosso bairro foi conhecido apenas pela existência do mesmo, também não sabe se existe alguma ligação.

Mas São comuns nas ruas do bairro nomes indígenas como: Japoara, Araçá, Taquaruçu, Jaguapiu, Cracituba, Boacu, Itaici, Samambaia, Algodão, Jaboticabal, Camaré, Cracituba, Barueri, Ubarana, Arapyranga, Aripuá entre outras.

Tenho curiosidade em saber mais, então resolvi pedir licença aos livros e deixar com vocês essa parte da historia, tirem as informações que faltarem da vovó, do vovô ou da mais improvável memória.

Vivemos num lugar quase esquecido, essa importante porta de entrada da baixada, que insistimos de chamar de final do Rio.

Pouca gente sabe que Ricardo de Albuquerque já teve um Cinema na rua da feira e nas minhas andanças, ouvi até uma história de lobisomem que vivia na vacaria atrás do cemitério.

Quem viveu não esquece e quase todos ouviram falar do grande fato que houve aqui em 1958. De todo canto da Cidade do Rio de Janeiro alguém conta essa grande explosão do Paiol Militar, que atingiu vários bairros adjacentes e da Baixada Fluminense.

Por favor, não se esqueçam de tocar o sino da Igreja da Pompéia, Onde nossa população renova suas forças e fé pra reerguer das dificuldades do dia a dia, tal como o nome Pompéia que foi inspirado na cidade do Império Romano que após grande incêndio ressurgiu das cinzas e se tornou patrimônio histórico da humanidade.

Lembro-me que durante muitos anos, tivemos aqui duas agremiações carnavalescas.

Arame de Ricardo, que surgiu time de futebol e depois bloco e finalmente escola de samba e Mocidade Camaré, bloco carnavalesco já extinto. Só que a alma do sambista nunca morre e segue em frente… E muitos dessa mocidade nem tão jovens assim, continuam pelo bairro fazendo seus batuques ou formando seus Blocos da Cachaça e inventando Motivos pra Beber, tem ate Bloco do Boi… E bem ao lado da estação de trem, aqui na Av. Nazaré, nasce mais uma nova escola de samba no bairro. Com sede no famoso Country Club de tantos bailes de carnaval como os do Unidos ou do Social Ricardense.

O Nosso Sentimento agora é do Império Ricardense. Na mais pura Simplicidade, chamamos a turma do pagode pra fazer um Hiper-Samba que ajude a formar uma Nova Geração de sambistas, pois já passou da hora de um Pique novo, somos Renascentes nessa folia.

Ricardo é terra com nome de poeta, e de samba e pagode. Nosso bairro cantou tanto os versos famosos de um de seus nobres filhos doutor e poeta, que ecoaram por toda cidade:

“Agora eu sei… Que amor que você prometeu, não foi igual ao que você me deu, era mentira o que você jurou”.

Tantos fatos se passaram quase em branco em pouco mais de cem anos, que não houve festa de centenário. É como se realmente nunca tivesse existido.

Mas teremos Olimpíadas e quem sabe um autódromo internacional e ai sim o mundo todo vai nos conhecer. A saudosa fazenda Sapopemba, de Nazaré e do Engenho Novo, finalmente dando lugar ao progresso.

Olha o trem, lá vem o trem, lá vem, lá vem…
Deixa-me ir, vou desfilar pra saudar os novos tempos e os nossos baluartes representantes dos foliões da Velha Guarda Ricardense, membros da Corte Imperiana de vermelho, verde, branco e ouro. Voltando a música cantada por Zeca Pagodinho…

“Naquele tempo do velho Amaral Peixoto, meu avô era garoto e hoje eu sou quase avô”.

Sapopemba que parada é essa? É Ricardo de Albuquerque é o meu lugar.

Nossa história felizmente não termina aqui.

 

Comissão de Carnaval do G.R.E.S. Império Ricardense
Presidente: Jatir Costa