CARNAVAL DE 2016
SINOPSE DO ENREDOO Brasil de La Mancha: Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro |
Inspirado em Miguel de Cervantes
Esse enredo é dedicado ao povo Brasileiro, grande protagonista da nossa história, que apesar dos monstros gigantes conserva os sonhos da Mocidade, mantém a esperança de um país melhor, a loucura pelo Carnaval e a eterna vocação para ser feliz.
Será mais um sonho impossível?
Voar num limite improvável
Romper o inacessível implacável?
Virar esse mundo, esse jogo?
Como saber se não tentar, lutar pra vencer
e perceber se valeu delirar?
é incabível negar, ousar e sonhar
pois inventar é minha lei, minha questão.
imaginar, seja lá como for,
me fazer invencível, tocar e beijar,
ceder e morrer de paixão
ao ver a estrela-flor, mocidade,
brotar do impossível chão.
(versão adaptada da obra de Chico Buarque e Ruy Guerra)
“Mocidade”: substantivo feminino singular : Juventude, frescor, qualidade daqueles que se mantém jovens independentes da idade, sonhadores. Grupo de pessoas que acreditam em um mesmo sonho, vide GRES MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL.
“Mancha”: substantivo feminino singular: Mácula, nódoa. Geo: Terra árida, mas fértil da Comunidade Autônoma da Espanha central : Castilla La Mancha.
“Quixote”: substantivo masculino: Diz-se do personagem criado por Miguel de Cervantes ( 1547-1616). Indivíduo generoso e ingênuo, que luta contra injustiças. Louco e sonhador.
“Carnaval”: substantivo masculino singular. Festa popular, folia. Período normalmente de três dias que antecede à quarta-feira de cinzas. Sentido figurado. Festa capaz de desfazer as manchas da realidade ao transformá-las em esperança de tempos melhores. Força capaz de resgatar os sonhos de uma Mocidade Quixotesca.
Prólogo
Se o mundo é um carnaval onde tudo se mistura, volto à literatura, no seu infinito poder de transportar tempo e espaço, me junto a Cervantes porque também sou Miguel, Padre Miguel. Juntos, resgatamos o mito de Quixote que, no caminhar por entre as terras do Brasil de La Mancha, a princípio se assusta com tantos fatos. Ele sonha lutar com gigantes que pela própria natureza não somam, subtraem. E como compreender é o primeiro passo para transformação, ávido leitor, o cavaleiro andante relê nossa história até perceber que “A hora da estrela” há de chegar. Descobre que a Mocidade, eterna fábrica de sonhos e alegria, é a estrela guia, que sai à rua para defender o Brasil de toda Mancha. Está na Mocidade toda a esperança de dias melhores, de tempos mais justos, de seres mais humanos.
O Brasil de La Mancha
Ergue-te do teu sono, Cervantes, do sonho à vida como antes, vem comigo que também sou Miguel, Padre Miguel, sou eu quem te clama a despertar teu cavaleiro andarilho, a seguir a estrela em seu brilho e a empunhar a lança a lutar contra os moinhos deste Brasil de La Mancha.
Qual “Abaporu” a devorar imaginações, levanta-te novamente, Quixote comandante e vem tocar seu rebanho, invisível, errante, de meninos, Pixotes, fidalgos ninguém e faça deles seu exército verde esperança, de sonhos de criança que valem ouro, prata, níquel, vintém. Vem limpar as nódoas deste meu país gigante. Lembre sempre da ordem da cavalaria, da meta de todo dia: acreditar na justiça, educação, saúde e fraternidade, no respeito à terceira idade, nos sonhos da Mocidade.
Viaje, até onde a memória alcança, que te proteja, o Sancho que também é Pança, gula ou ganância? Contraponto e balança. Teu companheiro, fiel escudeiro, rapidamente adquire um jeitinho brasileiro. Não esqueça do povo e da mazela, negue que os acordos e esquemas são necessários ao sistema. Lute contra os fatos, os muitos ratos, os muitos jatos! Lembre que para governar a ilha, não precisas fazer parte de uma quadrilha.
Ponha de lado a cavalaria diante de tamanha covardia, busque na literatura, nas suas mais belas histórias, uma escapatória. Na tentativa de entender o Brasil de La Mancha, leia de tudo sem exceção: histórias dos Pampas, das vidas secas, escravidão. Se leitura o dia inteiro, faz mal ao cavaleiro, não fique atordoado, se entre Ramos e Rosas, encontrar Machado, mesmo sem muita clareza, não se importe porque és menino maluquinho e maluco beleza.
Adentre o reino mestiço, encantado, país inventado, terra que tem palmeiras mas, pela dor de Chico Mendes, sangram seringueiras. Torne-se o Macunaíma, caboclo, mito indolente, quase até inconsequente. E como todo amor é descanso da loucura e a felicidade, uma eterna procura, busque sua Dulcinéia, nos lábios de mel de Iracema e Paraguaçu, musa de Caramuru.
Seja o braço forte que impede o açoite, apague a mancha negra-noite, ouça as vozes d’áfrica, lança-te ao oceano contra os negreiros moinhos navegantes e com furor insano, acabe com esse sonho dantesco, a vergonha da escravidão, “varrei os mares, tufão”… Seja Zumbi e devolva a liberdade para a casa grande e a senzala não mais existir.
Siga os raios do sol meridiano meu cavaleiro andante, no rastro que ilumina o pampa distante, no sopro do minuano, que terás o “tempo e o vento” como esteio, pelos campos à seguir avante, na proteção do negrinho do pastoreio.
Vai, meu nobre senhor dos sonhos e andanças, vem que te mostro veredas, na trilha de sua árdua missão, contraponto das vidas secas no escaldante sertão. Leve teu espírito guerreiro a juntar-se a Antônio Conselheiro, entre milhares de fiéis e cangaceiros, na saga, sacra insurreição.
Vai, caminhando e cantando, mesmo com páginas infelizes das nossas histórias, vai nessa ilha, sanatório geral, onde a sua loucura também é a nossa e que se transforma em uma ofegante epidemia pois somos todos loucos, loucos por carnaval. Vai, que nessa avenida, a Mocidade aguerrida, num samba popular, vai passar…
Há esperança de que tenebrosas transações serão passadas a limpo, lavaremos o passado tudo o que é ímpio, ainda que tarde, que não falhe, não será um sonho impossível e que nossos heróis não sonharam em vão pois acreditamos no incrível, somos sonhadores errantes, inspirados em ti, cavaleiro andante, estamos prontos pra luta contra o gigante, desse Brasil de La Mancha. Somos seu exército verde, vibrante, da pátria independente, somos Miguel, Padre Miguel, seus Quixotes, Pixotes, somos alguém com o sonho de uma nação, sonho de ser campeão.
Adiante, cavaleiro! Em frente, Rocinante! O Brasil é grande, um mundo inteiro. Agora eu era herói, leitor, estudante e também juiz, e pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz.
Adiante, cavaleiro! O povo é minha estrela guia…
“A hora da estrela” há de chegar
Sou Independente, sou raiz também, Cavaleiro Andante da Vila Vintém.
Autor: André Luis da Silva Junior
Sinopse: Alexandre Louzada e André Luis da Silva Junior
Desenvolvimento: Alexandre Louzada, Edson Pereira e André Luis da Silva Junior