Boca de Siri – Sinopse 2018

CARNAVAL DE 2018

SINOPSE DO ENREDO

Vamos Falar de Índios

Boca de Siri - Logo do Enredo - Carnaval 2018

 

Um índio

(Caetano Veloso)

(…Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante.
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
(Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias…)

 

SINOPSE

1) Pindorama, terras antigas, de novo mundo, tropicais, de papagaios e tucanos. Mais tarde chamada de Brasil. Terras em que outrora moravam pessoas puras de alma e coração, pessoas em que a grande tribo de Ramos, a Nação Boca do Siri vem homenagear sob as bençãos de Jaci e Guaraci. O Povo tribal celebrar, em meios rituais, a vida e a morte. Viviam da caça, moravam em ocas, respeitavam as águas, consumindo apenas o que precisavam, eram exímios artistas, na fabricação de seus utensílios, que agora são conhecidos no mundo todo. O povo tribal, chamados de índios, foram testemunhas da chegada das naus, da primeira missa rezada pelos europeus em terra Brasilis, foram perseguido e quase dizimados. Povo que, ainda, resiste em terras bem distantes, hoje em dia.

(… Antes que os homens aqui pisassem nas ricas e férteis terras brasilis
Que eram povoadas e amadas por milhões de índios
Reais donos felizes da terra do pau Brasil
Pois todo dia e toda hora era dia de índio
Mas agora eles tem só um dia
Um dia dezenove de abril
Amantes da pureza e da natureza
Eles são de verdade incapazes
De maltratarem as fêmeas
Ou de poluir o rio, o céu e o mar
Protegendo o equilíbrio ecológico
Da terra, fauna e flora, pois na sua história
O índio é exemplo mais puro
Mais perfeito, mais belo
Junto da harmonia, da fraternidade
E da alegria, da alegria de viver…).
Curumim Chama Cunhatã Que Eu Vou Contar (Todo Dia Era Dia de Índio) Compositor: Jorge Ben Jor

2) Os antigos indígenas nos deixaram de heranças hábitos que carregamos até hoje, tais como: A cura, os segredos das ervas, uma alimentação saudável à base das raízes, cereais, frutas, o banho, algumas palavras ditas da nossa língua, tem origem do tupi Guarani: Maracanã, Ipanema, siri etc. Até na religiosidade afro brasileiro, conhecida como Umbanda e na linha das entidades chamadas caboclos tiveram uma grande influência no cotidiano indígena.

Ponto da Cabocla Jurema
No meio da mata virgem.
Uma linda cabocla eu vi,
Com seu saiote, feito de pena,
É a Jurema, filha de Tupi,
Jurema, Jurema, Jurema,
É a Jurema, filha de Tupi,
Ela veio lá do Juremá,
Vem firmar seu ponto nesse Congá.

3) Falando em influência, os nossos antepassados donos das terras, serviram de modelos em várias obras: manifestações artísticas, culturais, nas pinturas de Debret, o grande amor de Ceci em “O Guarani”, o lindo romance “Iracema”, o manifesto no movimento Modernista, inspiração em canções, na música clássica de Villa Lobos, assuntos no cinema, lendas, mitos e manifestações culturais folclóricas. Citamos os festejos de bois, sejam de Parintins ou de outros lugares do Brasil.

Carnaval doce ilusão! Nós do Siri pintamos o rosto, usamos o cocar da felicidade, vamos para guerra neste carnaval e perguntamos: Quem nunca brincou de índio no carnaval? Quem nunca cantou a marchinha “Índio quer apito”? Tínhamos um grande gênio que usou o índio como inspiração para o carnaval. Salve Fernando Pinto e sua grande Tupinicópolis. Salve, também, o reduto original do samba, salve o bloco de tradição Cacique de Ramos. Na onda do cacique eu vou porque caciqueano eu sou!

(Tupinicopolis-Mocidade Independente 1987
…No comércio e na indústria
No trabalho e na diversão
É Tupi amando este chão
Até o lixo é um luxo
Quando é real
Tupi Cacique
Poder geral
Minha cidade
Minha vida
Minha canção
Faz mais verde meu coração…)

4) Passando assim neste carnaval, a grande tribo Boca de Siri, onde faço parte temos a honra de falar desta nossa herança tupi, coroado, goitacá, jê, tabajaras, tupinambá, guarani entre outras, vamos falar de Índios. Vamos pôr nosso lado tribal para fora e nos despir de sentimentos ruins para o mundo inteiro viver em paz, levantar a bandeira da arte e da cultura, pois elas são as únicas armas contra a dureza do dia a dia. Vamos falar de índios sem deixar de mostrar e demostrar os verdadeiros donos desta terra, num canto, que também em protesto, destes que aqui estavam antes do Brasil ser Brasil, mostrando que eles têm direitos, também, nesta terra, em forma de samba no carnaval da Intendente.

 

Eduardo Pinho – Carnavalesco