Império Ricardense – Sinopse 2018

CARNAVAL DE 2018

SINOPSE DO ENREDO

Awrè Bambá Lázaro: o Mensageiro do Oriki de Olodum

Império Ricardense - Logo do Enredo - Carnaval 2018

 

INTRODUÇÃO

Olorum, criador do Órun e do Àiyé, o ser supremo que deu vida para tudo. Só pode partir de ti a intervenção para acalmar os males do mundo. Só ti pode convocar o Exú que transita em todos os planos para que traga a esperança de dias melhores. Oh Olorum! Oh Olodum!
O homem, sua mais amada criação, desobedece os preceitos de amor e reciprocidade. Se afasta da luz ao passo que vê na escuridão a ilusão do poder. Fere ao outro, fere o próprio chão, destrói a união entre os povos através do preconceito e da ganância.

Sabendo disso, tu que és o senhor, envia de tempos em tempos os teus mensageiros, aqueles bons exemplos, que servem para mostrar o verdadeiro caminho. Assim, acreditamos que aquela luz só pode ser tua. Aquele menino só podia ser teu. Um Awré Bambá!

 

DESENVOLVIMENTO

01 de Novembro de 1978.
A luz risca o céu de antares em direção a mítica Ilha do Paty.

Se outras terras tem palmeiras, essa daqui é feita delas. É também cercada de tudo que pode haver de mágico no mundo. Segundo as lendas, o local teria abrigado um verdadeiro Império Quilombola, dos quais os remanescentes seriam legítimos herdeiros culturais.

Nesta terra nasceu Lázaro, guiado pela energia dos Orixás ao destino reservado por Olorum.

De sua infância, a lembrança das matriarcas. Da juventude, a resposta do Oriki.
Xangô e Omulu. A Luz e a Sabedoria. A Ordem e a Perseverança. A Justiça e a Cura.
A missão? Levar a esperança através da arte, do sorriso e da dedicação.

E assim seguiu, protegido pelas bençãos de quem lhe viu crescer, pra despontar no Bando de Olodum. Vivendo a negritude sobre os palcos e versando sobre a alma nordestina. Sincretismo, sexualidade. Diversidade. Isso sem falar nas voltas da vida…

A vida? Bem, essa imitou a arte e também brincou de imitar os mitos. Deu ao Filho de Oyó a mais linda Oxum, como num ballet entre a rosa e o girassol, daquelas coisas emocionantes de se ver. Do cortejo nasceu um exemplo, a imagem buscada por tantos e tantas, o retrato fiel estampado no espelho.

Agora referência é black, charmosa e nagô. Ela mora no meu tamborim, no Olodum, no Pelô.
Está em cada criança, na pureza da infância, em cada doutor.

Ela está no alto desta montanha, nada hollywoodiana. Nagô e Baiana, Quilombolana. Coisa de preto, sim senhor! Um mundo de homens e mulheres iguais. a perfeita visão da paz:

O Sonho de Lázaro.
A Mensagem do Oriki.
Hoje é o Império Ricardense quem traz.

 
 

Capítulo 1 – A criação

1 No princípio Olodun criou o Òrun. E para que vida houvesse, criou o Aiyé. Ele mandou que os Orixás zelassem por tudo o que havia no Aiyé.

2 Os orixás eram dotados de poderes sobre os elementos da natureza.

3 E houve o homem. E com o passar do tempo o homem esqueceu-se de sua condição de criatura, o homem resolve tudo mudar: as coisas e o sentido das coisas.

4 O Aiyé estava em perigo.

5 Os homens sentem-se mais importantes que as coisas da Natureza. Os homens matam os homens e tudo mais o que é natural. Poluem os rios. Matam as plantas e os animais. Envenenam a terra.

6 Os homens sentem-se mais importantes que seus irmãos e semelhantes. E discriminam. E oprimem.

7 Olodum resolve interferir.

8 E por um instante, tudo o que é movimento no Aiyé faz-se a mais total inércia, e para. Por um instante silenciam-se as coisas naturais. Olodum revelava-se em pleno Aiyé.

9 Exu, sente a energia de seu pai e apresenta-se diante dele. Exu diz: “Adukpé ô, Babá Mi N’là! Mojubá ô!”

 

Capítulo 2 – Olodum escolhe o menino Lázaro.

1 A voz do pai supremo é como uma sinfonia que harmoniza os sons de tudo o que existe e se move. Som de fogo, pedra, terra, vento, planta, bicho, gente, nuvem, chuva, raio, rio, mar, montanha, e tudo mais o que há.

2 “O que se fez do homem, meu filho? A sobrevivência do Aiyé e do homem depende de nossa interferência.

3 E anunciou-se a presença dos Orixás.

4 Tudo floriu, germinou, nasceu: Laroyê Alupo Exu. E houve o som do fogo derretendo o ferro: Patakori Obé Ogun yé. Ouviu-se o som dos bichos e suas vozes selvagens: Oke Arole Bi Odé.  Da terra úmida subiu um vapor que banhou o ambiente: Atoto Ajubero Omolu.

5 O perfume de todas as folhas inebriava quem o respirasse: Kosi Ewe, Kosi Orixá Assao Ossain. A lama, casamento perfeito do Orun com o Aiyé, tingiu de marrom tudo o que tocou: Salubó Nanayo.

6 Ouviu-se o som das águas que seguiam seus cursos, numa busca incansável pelo mar: Ere Iê Iê Oxun. Ventou forte e um raio rasgou o céu e explodiu no chão: Eparrei  Oyá. Quando o vulcão entrou em erupção uma pedra rolou do seu topo destruindo o que estava no caminho: Kawô Kabiecile.

7 Sentiu-se a vibração do nado rítmico dos peixes de todos os mares do Aiyé: Eruya Odoya Yemanjá.  Nuvens se aproximaram lentamente, num mover-se paciente e cobriram, ao seu tempo, todo o céu:  Xeu Epa Babá Oxalufã.

8 E Olodum ergue a voz: “Não há o que a natureza tenha criado que não devesse existir. Natureza é a infinita sabedoria. E o homem subestimou o poder da natureza.”

9 “trouxe vocês aqui para que auxiliemos os homens. Os perdidos carecem de auxílio. Tenho uma mensagem para que o homem volte ao seu caminho.”

10 “A mensagem chegará aos homens pelos dons de um Mortal. Lázaro. Filho do Axé. Um legítimo filho do Aiyé. Filho legítimo da Bahia. Filho do Quilombo ancestral.”

11 “Este homem, nascerá e carregará, por toda a vida, a responsabilidade de ter que levar minha mensagem a todos os homens. Instrumento, por um bem maior, Lázaro carregará vossos dons. Um Axé de cada um de vocês.”

Como profetizado por Olodum, em 1 de novembro de 1978, na terra mãe dos Orixás, na Bahia, nasce o menino Lázaro.

12 Disse Olodun: “Ele se comunicará como Omó-Mi Exu. Será forte e disciplinado como Omó-Mi Ogum. Será musical como Omó-Mi Odè. Terá apreço pelas coisas da ancestralidade como OmóIbirim Nanã.”

Ator de Talento, Lázaro logo se destaca em sua arte. Depois de mais de uma dúzia de espetáculos ao lado de seus companheiros de Bando, Lázaro Ramos emplaca dois sucessos de projeção nacional: Mamãe não pode saber e A máquina.

13 “Terá muitas faces como Omó-Mi Omolu. Será criativo e artístico como Omó-Mi Ossanyn. Será adaptável e tempestuoso como Omóibirin Oyá. Será sábio e justo como Omó-Mi Xangô. Será racional, reflexivo, inteligente como Omóibirin Yemanjá.”

14 Olodum mantém o silêncio por algum tempo, para a máxima ansiedade de Oxum, que ainda não havia ouvido seu nome. Ele, então, fala com a voz doce de sempre.

15 “Oxum, Omóibirin. A companheira de Lázaro será filha sua. Doará ao menino Lázaro, sua joia mais preciosa, seu coração tornado pepita de ouro (lenda, ou seja, Itã de Oxum Opará, Oxum de Taís Araújo, que amou tanto que tornou seu coração uma pepita de ouro para doá-lo ao seu amor Ogun.) Os girassóis, flores que tanto gostas, marcarão este encontro.”

Casou-se com a grande estrela do Teatro, Cinema e TV, Taís Araújo, concretizando a profecia de Olodum. Sob as benção de Oxun Apara, um buquê de Girassóis, marca o encontro de Lázaro e Taís.

16 “Não me referi a você, Omó-Mi Oxalufã.”

17 Respondeu Oxalufã: “Sei que dom devo ao menino, Babá-Mi. O dom da vida, da longevidade. De que valem todos os dons sem o dom da vida?”

 

Capitulo 3 – Olodum deixa sua mensagem de igualdade aos homens

1 “Sou Olodumaré. Aquele que caminhou antes e tudo criou. Mas sou submisso à magnitude da criação. Na criação tudo tem seu lugar. Todos têm seu lugar. Não existe o maior e o menor.”

2 “Nascido o menino Lázaro, O toque do instrumento, que cada um carrega, no Ori,   o abençoará.

3 “Nascido o menino Lázaro, O toque nos ombros, do instrumento, que cada um carrega, representará a responsabilidade que carregará por toda a vida.”

4 Todos os olhos o verão. Todos os ouvidos o ouvirão. Sua missão será extirpar a marca da ganância e da arrogância que o homem carrega”

Em 2002, impressiona com sua interpretação inesquecível do(a) lendário(a) Madame Satã. Depois deste grande sucesso, Lázaro se torna um dos nomes mais importantes do Cinema Brasileiro.

Em 2006, já em sua primeira novela, Lázaro recebe uma indicação para um prêmio internacional, o Oscar da TV americana, o Emmy, com sua genial performance como o brasileiríssimo Foguinho da novela Cobras & Lagartos.

5 “Lázaro entrará em todos os lares. E tudo começará, quando ele adentrar a casa que carrega o meu nome.”

Em 1993, como profetizado por Olodum, Lázaro entra para o Bando de Teatro Olodun. Casa que carrega o nome de Olodun. Casa onde Lázaro inicia sua jornada e onde seus dons o destacam.

6 “Lázaro lutará pelos seus. Pelo seu solo sagrado. Por sua Iylé Ifé. Pelas suas coisas ancestrais.”

Em 2016 dirigiu e atuou, ao lado de sua esposa Taís Araújo o espetáculo teatral O topo da montanha, sobre o ativista, americano, Martin Luther King.

7 “Os oprimidos verão no exemplo de Lázaro a salvação para a opressão que os aniquila. A partir dele, tudo será possível a todos. E pouco a pouco o homem aprenderá a viver em harmonia, como é no Orún, e como há de ser no Aiyé.”

Lázaro atuou em dezenas de filmes, peças, novelas, séries. Trabalhou com os mais importantes dramaturgos e cineastas.

Acumula dezenas prêmios, nacionais e internacionais, entre os que foi indicado e os que levou para casa, por seu trabalho no Teatro, Cinema e TV.

8 Cada um dos filhos de Olodum erguem a voz: “Como é no Orún e como há de ser no Aiyé.”

Lázaro Ramos escreveu e dirigiu espetáculos teatrais. Apresenta, no Canal Brasil, o programa de entrevista Espelho, onde mostra, além de seus dotes como apresentador, inteligência e cultura impressionantes.

Desde o nascimento do primeiro filho, escreve livros infantis, como A velha sentada e O caderno de rimas de João.

Numa nova parceria com o cineasta gaúcho (com quem trabalhou antes em O homem que copiava, Meu tio matou um cara, Saneamento Básico – O filme, etc.) escreve e estrela (também ao lado de sua esposa Taís Araújo) uma série, onde representa um cantor de muito sucesso, e onde canta, dança e toca de verdade.

9 E numa noite mágica, anunciada pela música e pelo batuque dos ancestrais negros, a vida do menino Lázaro será celebrada e a comunidade humilhada vestir-se-á de luxo e viverá seu dia de Império.

Em 2018, Lázaro dá ao G.R.E.S. Império Ricardense a honra de ser seu porta voz juntamente com as comunidade de Ricardo de Albuquerque, Anchieta, Chapadão, Nilópolis, Pavuna… Concretizando as profecias de Olodum, se empodera e dignifica. Agora, nossa sofrida região, dos limites da zona norte e baixada fluminense, não vê limite para seus sonhos e pode bater no peito:

Império Ricardense é Lázaro Ramos: do Axé dos Orixás, à conquista da plena igualdade.

 

Glossário:

Olodun – Trata-se do Deus supremo, Pai e criador de todos os Orixás. Do Yorubá, aquele que caminhou antes. Aquele que foi o primeiro a existir;

Òrun – Trata-se do plano Imaterial onde viviam os Essás e os Orixás;

Aiyé – Trata-se do plano material, ou plano onde vivemos;

“Adukpé ô, Babá Mi N’là! Mojubá ô!” – Do Yorubá, “Muito obrigado meu pai supremo. Eu te presto reverência”;

“Omó-Mi” – Do Yourubá “meu filho”;

“OmóIbirim” – Do Yourubá “Minha Filha”;

“Iylé Ifè” – Do Yorubá “terra mãe, casa”.

 

Descrição da Logo:

Modelos:

Jefferson Kim é o modelo adulto, que vem na imagem representando Olodum. Jefferson faz parte de nossa comunidade, e virá de destaque em nosso carnaval.

Thalysson César é o bebê de 10 meses, que representa na imagem o menino Lázaro. Filho da passista da escola Deborah Valeska.

Fotógrafo: Fernando Campos

Crédito – Criação da logo: Will C. Carlos