Por Thalita Santos

 

A Bateria da Paraíso do Tuiuti vem garantindo boas notas para a agremiação de São Cristóvão, tornando-se um dos quesitos mais fortes da escola, que no último carnaval fez um belo desfile.

Ricardinho, mestre de bateria da Paraíso do Tuiuti (Foto: Eduardo Holanda)

Ricardinho, mestre de bateria da Paraíso do Tuiuti (Foto: Eduardo Holanda)

Comandante da “Super Som”, Ricardinho conta qual o segredo dos bons resultados.

“A bateria da Tuiuti tem um equilíbrio muito interessante. Eu sou adepto da boa afinação, quantidade equilibrada dos instrumentos e uma cadência adequada ao samba.”

Sobre as bossas, ele aposta na simplicidade. Não gosta de nada mirabolante, nem daquelas “conversas” entre os instrumentos.

“Na minha opinião não dão muito efeito e a arquibancada não entende. As bossas de pressão dão um resultado melhor, é outro diferencial da bateria. Não faço nada que de margem para os jurados tirarem décimos.”

Ricardinho falou também sobre a responsabilidade de manter as notas máximas no próximo carnaval.

“Se eu disser que não passa nada pela minha cabeça eu estaria mentindo, mas não é uma coisa que me tira o sono. Uma brincadeira que acabou pegando entre os ritmistas foi que a bateria se tornou Super Som 40, depois 80 e agora eles já esperam que seja Super Som 120 depois do carnaval. Aumenta a responsabilidade, mas eu estou lá pra fazer o melhor que puder. Encaro com maior tranquilidade. Acho que a nota vem porque o trabalho é simples e de coração, e a gente mostra resultado. Se a nota não vier, não vamos morrer por causa disso, a vida continua. Mas aqui ficamos mal acostumados e quereremos manter a hegemonia da nota máxima todo ano.”

Para o próximo carnaval, o mestre diz que não mudará nada.

“Continuamos trabalhando no mesmo padrão de equilíbrio. Boa distribuição dos instrumentos, cuidado na afinação, os jurados estão ficando mais qualificados e a cada ano eles percebem uma segunda mais alta ou uma primeira mais baixa. Tomo cuidado com as terceiras. Acho que tem que vir soltas para dar o swing. Não gosto de desenhos, apenas no refrão do meio. Bossas no tempo, com caixas e repiques, a mesma coisa de sempre. Time que tá ganhando notas máximas há 2 anos consecutivos não tem o que mexer.”

Coordenador de uma das maiores oficinas de percussão de escola de samba do Rio de Janeiro, Ricardinho fala sobre a importância do trabalho de renovação nas baterias e fala com orgulho dos ritmistas que o projeto formou.

“Nesses 14 anos de Tamborim Sensação, já passaram por lá 5000 mil pessoas. Na bateria da Tuiuti temos cerca de 80 a 90 ritmistas formados pelo projeto. Meu diretor de tamborim, Denilson, e o diretor de tamborim da Cubango Marquinhos Passos, foram alunos do TS. Às vezes a pessoa tem o dom, a facilidade, mas não tem quem ensine. A pessoa bem direcionada rende bem. Hoje temos ritmistas do Tamborim Sensação, acho que, em todas as escolas do Rio de Janeiro.”

Para os aprendizes e futuros ritmistas, Ricardinho diz o que é preciso para entrar na sua bateria.

“O ritmista tem que ter qualidade rítmica. O jurado não quer saber quantas vezes o cara ensaiou. Não adianta estar presente toda semana se não sabe tocar. Se fizer tudo direitinho, não vamos perder ponto.”

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