O consórcio dos veículos especializados em carnaval (Apoteose, Carnavalesco, Carnaval Interativo, Mais Carnaval, Rádio Arquibancada e Samba é Paixão) procurou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) questionando a afirmação da médica pneumologista e pesquisadora da instituição, Margareth Dalcomo, na edição impressa deste sábado, do jornal Folha de São Paulo, citando os desfiles das escolas de samba nos sambódromos (ela não especificou nenhum) como os locais em que surgiram os primeiros casos de Covid-19 no Brasil.

Entramos em contato com a assessoria de imprensa da Fiocruz e não nos foi apresentado nenhum estudo que comprove a afirmação da médica pneumologista que “o vírus da Covid-19 foi oriundo no Brasil dos desfiles nos Sambódromos”. “Não temos estudo nesse sentido”, informou a Fiocruz, através da sua assessoria de imprensa.

Em seu artigo no jornal, Margareth afirma “lembremos que os primeiros casos de Covid-19 que tratamos – e algumas pessoas faleceram, em 2020 – foram oriundos dos desfiles nos sambódromos. Naturalmente, era o momento inicial, com pouco conhecimento sobre a dinâmica da doença e sem vacinas.

Em 12 de maio de 2020, a Liga-SP publicou em seu site oficial o texto “Covid-19 no Brasil. Por que insistem em culpar o Carnaval?” Nele, a Liga diz que “não há evidências científicas de que o feriado tenha sido a porta de entrada para o vírus no Brasil. De modo infeliz, o Carnaval, historicamente, é criminalizado e rechaçado frente a qualquer problema que o país enfrente. Esse discurso irresponsável e sem fundamento tem sido utilizado numa briga política e reproduzido por negacionistas e histéricos”.

Covid-19 no Brasil

Oficialmente, o Brasil identificou a primeira contaminação pelo novo coronavírus no final de fevereiro de 2020, segundo o governo federal, exatamento no dia 26. Tratava-se de um homem de 61 anos, morador da cidade de São Paulo, que esteve na região da Lombardia, no norte da Itália, entre os dias 9 e 21 de fevereiro. Ao retornar da viagem, no dia 21, o paciente apresentou os sinais e sintomas compatíveis com a doença (febre, tosse seca, dor de garganta e coriza). Atendido no Hospital Israelita Albert Einstein na segunda-feira (24), o homem foi submetido a exames clínicos que apontaram a suspeita de infecção pelo vírus.

“Agora é que vamos ver como este vírus vai se comportar em um país tropical, durante o verão”, disse na época o então o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Antes do primeiro caso, no dia 3 de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde declarava a Covid-19 como uma emergência de saúde pública de importância nacional. A declaração de transmissão comunitária no país veio em março, mês em que também foi registrada a primeira morte pela doença.