Um Rolo compressor, assim podemos definir a passagem da Unidos do Viradouro, a segunda escola a desfilar nessa noite. Para quem pensava que apenas a riqueza iria ser a marca da Viradouro, se enganou, a vermelha e branca de Niterói pisou forte na Sapucaí e fez a arquibancada vir abaixo com o refrão “oh mãe, ensaboa mãe” junto à bateria de mestre Ciça. A agremiação finalizou o seu desfile aos gritos de “é campeã” aos 66 minutos.

• Comissão de Frente

Coreografada por Alex Neoral e Márcio Jahú, a comissão era formada apenas por mulheres, bailarinas representavam as zungueiras-lavadeiras (ancestrais das ganhadeiras) vindas diretamente de África. O elemento cenográfico utilizado na comissão de frente representa os Velhos Areais da lagoa do Abaeté, local tradicional de encontro das negras ganhadeiras de Itapuã.

• Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Com a fantasia “Sol Para a Liberdade”, Julinho e Rute representaram a rotina de trabalho das lavadeiras com os primeiros raios de sol, onde as lavadeiras entoavam cânticos e rezas em agradecimento ao sol para a lavagem e secagem das Roupas. Vom uma apresentação firme e tradicional o casal se apresentou muito bem diante dos jurados. Destaque para as terminações de ,movimento perfeitas e a empolgação ao cantar o samba durante toda apresentação.

• Fantasias

Provavelmente o quesito mais forte da escola, tanto pela riqueza e acabamento apresentados, quanto pelo bom gosto na elaboração dos figurinos. A fantasias apresentaram um conjunto uniforme, não havendo diferenças gritantes entre elas e apresentaram muito bem o enredo desenvolvido por Marcus e Tarcísio.

• Alegorias e adereços

Nas alegorias e adereços podemos perceber, talvez, um dos calcanhares de Aquiles da escola. Apesar de apresentar um conjunto de alegorias riquíssimo e, de fácil leitura, há problema que não há como prever. O carro Abre-alas desfilou completamente apagado, perdendo muito do seu brilho. Provavelmente na quarta-feira de cinzas a escolas pode ter descontos neste quesito.

• Enredo

O Enredo desenvolvido por Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon foi apresentado de forma correta, com setores claros, de fácil entendimento para quem estava municiado do livro Abre-Alas ou guia do Desfile. Não é um enredo de entendimento direto, até porque tem uma bagagem cultural muito grande de atuação em outro estado brasileiro, mas isso não o torna punível, pelo contrário, traz para o grande publico uma história muitas vezes esquecida.

• Evolução

Para quem está acostumado a ir nos ensaios da Viradouro em sua quadra ou nos ensaios de rua já sabiam o que viria. A escola evoluiu muito bem, cantando o samba o tempo todo, apesar de muito bem vestida, o que muitas vezes desanima o componente. Um buraco se abriu próximo à segunda cabine de jurado, o que pode fazer com que a escola seja punida nesse módulo.

• Harmonia

A escola apresentou um canto forte e coeso, sendo ajudadas frequentemente pelo publico da Sapucaí durante as bossas realizadas pela furacão vermelho e branco. No carro de som destaque para grande atuação de Zé Paulo, que provavelmente criou um novo bordão, o “vai Ciça”, entoado frequentemente na realização das paradinhas da bateria.

• Samba-Enredo

O Samba muitas vezes criticado no pré carnaval funcionou muito bem, foi cantado não só pela escola, como pelo público do inicio ao fim. Destaca-se o excelente trabalho em conjunto da escola para o resultado final, principalmente bateria, carro de som e direção de harmonia.